Gilberto, também
conhecido como Beto, vive a menos de 20km da Arena das Dunas, estádio que
consumiu mais de R$ 1 bilhão com recursos públicos para abrigar a Copa do
Mundo. Mas sua realidade está anos-luz do imponente estádio. O senhor de 55
anos põe nas costas diariamente o filho Ronaldo, de 24 anos, e sai em busca do
sustento da família.
Desempregado e
responsável por criar onze pessoas (sendo oito crianças), Beto acopla no corpo
o filho, que é portador de deficiência, carregando também o peso da fome e da
sede. As ladeiras e o calor de Natal, que não dá trégua nem em junho, endurecem
seu caminho diário.
Beto não dá a mínima
para o Mundial. A torcida é apenas para que as esmolas aumentem com a chegada
de estrangeiros à cidade. Em dia bom, pai e filho ganham R$ 180.
São esperados em Natal
turistas norte-americanos, japoneses, mexicanos, italianos, entre outras
nacionalidades.
"Essa Copa vai
trazer bastante gente pra cá. Quero juntar dinheiro para comprar a cadeira
dele", diz.
A expectativa de Beto é
que o turismo Impulsione a arrecadação de fundos para a compra de uma cadeira
de rodas. Ele afirma ter separado R$ 80 para adquirir o equipamento.
A cadeira de rodas que
Ronaldo usava quebrou faz alguns meses. O equipamento havia sido dado por uma
pessoa sensibilizada com a situação. Beto transporta o filho em direção à orla
de Ponta Negra, em Natal.
"Eu carreguei ele
a vida inteira. Meu filho é pesado e não anda. Mas eu ando", sintetiza
Gilberto.
O filho de 24 anos é cego, paraplégico e não tem acompanhamento médico. A medicação necessária para tratamento é usada quando se tem. Ouvir jogos do América pelo rádio é uma terapia ao jovem, torcedor do time natalense(chicocesar).
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