15 de junho de 2014

Copa comprada, juiz amigo



Só há uma coisa mais aborrecida do que aquela abertura chinfrim da Copa: discutir o futebol a partir de posições partidárias. Eta, gente chata! E deslocada: em geral, não sabe quem é a bola e acha que impedimento é depor o Collor. A última discussão imbecil é a da compra da Copa: como muita gente acha que o pênalti em Fred não foi pênalti (este colunista, em minoria, acha que foi), surgiu a lenda de que a Copa foi comprada para reeleger Dilma. Coisa de quem não entende de política: o Brasil perdeu a Copa de 98 e Fernando Henrique se reelegeu, o Brasil ganhou 2002 e o candidato de Fernando Henrique perdeu. E não entende de futebol: se esta Copa é comprada, e as outras? Digamos, a de 86, com o gol de mão de Maradona contra a Inglaterra - e a Argentina bicampeã do mundo?

Como a de 1962, vencida pela indiscutível Seleção de Gilmar, Djalma Santos e Mauro; Zito, Zózimo e Nílton Santos; Garrincha, Didi, Vavá, Pelé (Amarildo) e Zagalo. Contra a Espanha (sem Pelé, com distensão muscular), o Brasil perdia por 1x0, gol de Rodríguez. O ponta-direita Collar foi derrubado na área por Nílton Santos - que, malandro, saiu da área. O juiz chileno Sérgio Bustamante deu falta, não pênalti. Na cobrança, Puskas marcou de bicicleta. O juiz anulou, por jogo perigoso. O Brasil virou o jogo com dois gols de Amarildo, substituto de Pelé. Na semifinal, Garrincha, o maior jogador da Copa, foi expulso. Seria suspenso - mas o juiz uruguaio Esteban Marino sumiu sem apresentar seu relatório. Garrincha pôde jogar contra os tchecos. Brasil, 3x1, bicampeão do mundo.

Esteban Marino tinha viajado para o Uruguai, com passagem oferecida pelo Brasil. Depois apitou muitos anos em São Paulo, sempre com fama de bom juiz.
E agora, que tal voltar a discutir futebol como futebol, não como ideologia?

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