O
presidente do STF, Joaquim Barbosa, decidiu ontem deixar a relatoria
dos processos de execução penal de todos os condenados do mensalão.
Daqui a 15 dias, Barbosa se despede da presidência do Supremo, conforme
prometeu ao anunciar a sua aposentadoria. Qual o legado de Joaquim?
Ele
deixa sem dúvida um legado de luta, de busca pela transparência, pela
moralidade e de combate à impunidade que sistematicamente assolou as
relações promíscuas de poder no Brasil.
Ganhou
a admiração da maior parcela da sociedade mais discernida, e se não foi
o mais brilhante ministro a sentar na maior instância do Judiciário
pátrio, foi o que mais se aproximou da sociedade civil por sua
simplicidade, tomado pelo espírito público pautado na máxima
integridade.
Por
certo o maior defensor das minorias, talvez por pertencer a uma delas,
no melhor espírito de uma igualdade e de uma democracia material, capaz
de perceber as desigualdades na medida certa, ainda que seja possível a
aferição de certos excessos.
Cada
vez mais difícil será perceber um Supremo combativo, fiscal das ameaças
ao interesse público apresentadas pelos demais poderes. Não é demais
dizer que Barbosa foi um ministro revolucionário que em muitos momentos
mobilizou a sociedade por objetivos comuns.
Em
certos momentos, como durante o julgamento do mensalão, o ministro
sentiu-se fortalecido por grande parcela da sociedade que comungava de
seus ideais na luta contra um sistema de poder carcomido pela vergonha
alheia.
Quando
não era o ministro mais técnico era o que intimamente carregava consigo
o maior sentido. Por muitas vezes taxado de desrespeitoso por seus
pares, mas com o mesmo sangue que corre nas veias da sociedade que clama
por moralidade. Joaquim sai em sintonia com a sociedade.
Segundo
a última pesquisa do Ibope, é, depois de Lula, o brasileiro que mais
exerce influência no eleitoral, que manifesta o desejo de votar num
candidato a presidente apresentado por ele. Deixou para trás figurões da
velha política, como FHC.
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