A dona de casa Lucicleide vê da sua janela as rebeliões no complexo penitenciário
Com o tempo, a área passou a ser ocupada por desempregados, que não conseguiam morar em outro lugar. Com o clima tenso das rebeliões e da crise de segurança no Maranhão, aqueles que têm parentes detentos preferem não falar e quem fala relata a ausência do Estado.
"O governo não faz nada pela gente aqui", diz a dona de casa Lucicleide Meireles Trindade, de 31 anos, que da janela de casa vê as violentas rebeliões no complexo que ficou mundialmente conhecido pelo cotidiano sangrento. "Às vezes, o pessoal foge daí e vem parar aqui, com a polícia atrás dando tiro. Eu me escondo aqui dentro."
O medo de Lucicleide é justificado pelas estatísticas. Nos últimos 13 anos, os assassinatos cresceram 460% no Estado. Além da violência, a renda per capita média continua a pior do Brasil - R$ 360,43, diz o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A dona de casa atualmente está desempregada, o que ajuda a derrubar os índices de renda. Sem conseguir o benefício do Bolsa Família, ela vive com três filhos do dinheiro enviado pelo marido, que trabalha como mecânico em Minas. Lucicleide conta que ao lado de casa há um posto de saúde quase sempre sem médicos e os filhos estudam em uma escola onde os professores faltam com frequência, sem repor as aulas.
O Maranhão tem o maior número de miseráveis em relação à população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 6,5 milhões de habitantes, 1,7 milhão está abaixo da linha da miséria - vive com até R$ 70 por mês.
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