Metade
dos detentos pernambucanos está atrás das grades sem ter uma
condenação. Levantamento realizado pela Gerência Técnica Jurídico-Penal
(GTJP) da Secretaria-Executiva de Ressocialização (Seres) revela que,
dos 29.997 presos no Estado, 14.219 são provisórios, o que representa
47,4% do total. O número está acima da média nacional, que é de 42,9%,
de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). E salta para
absurdos 74,6% quando levados em conta os que foram condenados por um
crime, mas têm processos em aberto por outros.
Uma
série de fatores ancora a problemática: morosidade da Justiça, falta de
defensores públicos e um sistema prisional que não mudou de cara nos
últimos anos. Criado em 2007, o Pacto pela Vida conseguiu reduzir os
homicídios em Pernambuco em 33,4%. Enquanto isso, as prisões só fizeram
inflar. Naquele mesmo ano, eram 15.778 detentos para 8.256 vagas,
segundo o Sistema Nacional de Informação Penitenciária (InfoPen), do
Ministério da Justiça. Hoje, a quantidade de presos quase dobrou
(29.997), mas a capacidade do sistema carcerário não seguiu o mesmo
ritmo (10.515). Em relação aos presos temporários, que podem ser
condenados ou absolvidos, o quadro piorou. O percentual era de 37,7% em
2007, bem abaixo do atual.
De
acordo com a gerente jurídico-penal da Seres, Albenice Gonçalves,
alguns detentos estão presos há quase cinco anos e não foram julgados.
Outros demoram tanto na cadeia que, quando condenados, a depender do
crime, já cumpriram a pena ou obtêm progressão de regime. “São muitos
presos sem condenação nenhuma. Às vezes com dois, três, quatro processos
pendentes, mas sem ser julgados. Temos casos de presos que, quando são
condenados, já ficaram o tempo que deviam. A Justiça tem uma fila cada
vez maior para julgar”, explica.
O
mapeamento feito pela Seres evidencia que, no Estado, há 7,6 mil presos
condenados, 14.219 temporários e 8.178 condenados com outros processos
em aberto.
Enquanto
não é julgado, o preso não pode receber progressão de pena e, assim,
desonerar um sistema prisional estrangulado. O déficit é de 19.482
vagas. Somente na Região Metropolitana do Recife, são 13.436 detentos,
mas a capacidade é para 4.657.
O
gestor das Metas Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública
(Enasp) do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), desembargador
Alexandre Assunção, não considera alto o número de presos provisórios e
afirma que a superlotação é questão do governo estadual, e não do
Judiciário.
“Nosso
objetivo não é deixar os presídios menos superlotados, é combater o
crime, é garantir a ordem pública. O Executivo é quem tem que dar os
meios para evitar esse problema. Pergunte à população se ela prefere o
bandido preso ou solto”, ponderou.
Assunção
refutou que a morosidade da Justiça seja responsável pela percentagem
de presos sem julgamento. Lembrou que mais de 70 juízes devem ser
nomeados até março e que a taxa de congestionamento caiu 11 pontos
percentuais entre 2012 e 2013, indo de 83% para 72%.
Do JC Online
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