27 de março de 2014

Árbitra paulista(Filha de Ouricuri) treina para poder apitar jogos do Campeonato Brasileiro.

Regildênia de Holanda Moura (Foto: Pedro Venâncio)

Regildenia Moura faz teste nesta sexta-feira para apitar competições da CBF.


Silvia Regina, em 2005, foi a última mulher a apitar um jogo da Série A do Campeonato Brasileiro. Mas em 2014 há a possibilidade de uma mulher voltar ao comando. Isso porque Regildenia de Holanda Moura, paulista de 40 anos, fará o teste físico nesta sexta-feira. Se passar nos tempos masculinos, estará apta a trabalhar em qualquer competição da CBF. Ela se mostra confiante para a avaliação e explica o motivo de tentar alcançar marcas difíceis até para os homens.

- Nossa dificuldade nesse teste é muito maior, mas encaro como um desafio para mim. Já que as mulheres hoje têm os mesmos direitos dos homens, precisam também ter as mesmas obrigações - disse Regildenia, que tem 40 anos, passou no teste masculino em setembro de 2012 e foi árbitra adicional do confronto entre Corinthians e Portuguesa, pelo Brasileiro. 



O índice no teste masculino é obrigatório para quem quer apitar jogos de competições da CBF, como as Séries A, B, C e D, e a Copa do Brasil. Para campeonatos estaduais, as federações apenas exigem o índice feminino.

Regildenia não passou no teste de 2013, mas agora está apta a atuar em qualquer divisão do Campeonato Paulista - já apitou jogos das Séries A2 e A3 do Campeonato Paulista em 2014. Ela se mostra confiante para ser aprovada no teste.
Regildênia de Holanda Moura (Foto: Pedro Venâncio)


- Já passei em 2012 e sei que não é impossível. Em 2013, perdi um pouco da motivação ao não ser escalada para a primeira fase da Copa do Brasil e acabei não passando, mas agora estou treinando muito forte, com nutricionista, musculação e treinador de pista, tudo por minha conta. Estou alcançando todas as metas dos treinos e acredito que vou passar.

Caso seja aprovada, Regildenia poderá apitar jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Participar de um jogo da Série A, no entanto, ainda parece ser algo distante dela.

- É muito difícil. Antes, vai apitar jogos das Séries C, D, eventualmente Série B. Se for bem avaliada pela CBF, aí, sim, poderá apitar na Série A - afirmou o coronel Marinho, chefe da comissão de arbitragem da Federação Paulista de Futebol.
Em competições organizadas pela Fifa, no entanto, ela só pode ser escalada para jogos de futebol feminino, pois a entidade, assim como a Uefa, não permite que mulheres atuem em partidas masculinas.

O teste físico sofreu alterações em 2006. Desde então, vários árbitros importantes do futebol brasileiro têm sofrido com as dificuldades impostas pela avaliação e sido reprovados. No caso mais notório, Leonardo Gaciba perdeu a oportunidade de apitar a Copa do Mundo de 2010 ao não passar nos testes de 2009.

- Eu realmente não estava preparado para o teste porque apitava o tempo todo. Imagina você estar no Rio Grande do Sul no domingo, depois ir ao Pará na quarta-feira e em Pernambuco no sábado. Vai treinar quando? No avião? - brincou o ex-árbitro.

Gaciba discorda do critério físico adotado pela Fifa e acredita que os juízes mais velhos terão dificuldades em passar nos testes, atualmente mais determinantes do que uma falha técnica ou disciplinar cometida durante uma partida.
 Hoje a situação está cada vez mais difícil para os árbitros que chegam perto dos 40 anos. O teste é muito exigente, e, depois da implantação dele, o número de lesões de árbitros aumentou muito, de 3% para 65%. Para passar, você precisa ser atleta. Tenho certeza de que, se colocarem os jogadores para fazer, muitos não vão passar.

O gaúcho não foi o único a sofrer com o teste. Wilson Luis Seneme, que havia sido o árbitro brasileiro indicado para atuar na Copa do Mundo de 2014, foi reprovado em cinco avaliações seguidas e perdeu a vaga. Leandro Vuaden, que seria a segunda opção, também não teve êxito e abriu o espaço para Sandro Meira Ricci, aprovado, ter a oportunidade de apitar.

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