Regildenia Moura faz teste nesta sexta-feira para apitar competições da CBF.
Silvia Regina, em 2005, foi a última mulher a apitar um jogo
da Série A do Campeonato Brasileiro. Mas em 2014 há a possibilidade de
uma mulher voltar ao comando. Isso porque Regildenia de Holanda Moura,
paulista de 40 anos, fará o teste físico nesta sexta-feira. Se passar
nos tempos masculinos, estará apta a trabalhar em qualquer competição da
CBF. Ela se mostra confiante para a avaliação e explica o motivo de
tentar alcançar marcas difíceis até para os homens.
- Nossa
dificuldade nesse teste é muito maior, mas encaro como um desafio para
mim. Já que as mulheres hoje têm os mesmos direitos dos homens, precisam
também ter as mesmas obrigações - disse Regildenia, que tem 40 anos,
passou no teste masculino em setembro de 2012 e foi árbitra adicional do
confronto entre Corinthians e Portuguesa, pelo Brasileiro.
O
índice no teste masculino é obrigatório para quem quer apitar jogos de
competições da CBF, como as Séries A, B, C e D, e a Copa do Brasil. Para
campeonatos estaduais, as federações apenas exigem o índice feminino.
Regildenia
não passou no teste de 2013, mas agora está apta a atuar em qualquer
divisão do Campeonato Paulista - já apitou jogos das Séries A2 e A3 do
Campeonato Paulista em 2014. Ela se mostra confiante para ser aprovada
no teste.
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Já passei em 2012 e sei que não é impossível. Em 2013, perdi um pouco
da motivação ao não ser escalada para a primeira fase da Copa do Brasil e
acabei não passando, mas agora estou treinando muito forte, com
nutricionista, musculação e treinador de pista, tudo por minha conta.
Estou alcançando todas as metas dos treinos e acredito que vou passar.
Caso
seja aprovada, Regildenia poderá apitar jogos do Campeonato Brasileiro e
da Copa do Brasil. Participar de um jogo da Série A, no entanto, ainda
parece ser algo distante dela.
- É muito difícil. Antes, vai
apitar jogos das Séries C, D, eventualmente Série B. Se for bem avaliada
pela CBF, aí, sim, poderá apitar na Série A - afirmou o coronel
Marinho, chefe da comissão de arbitragem da Federação Paulista de
Futebol.
Em competições organizadas pela Fifa, no
entanto, ela só pode ser escalada para jogos de futebol feminino, pois a
entidade, assim como a Uefa, não permite que mulheres atuem em partidas
masculinas.
O
teste físico sofreu alterações em 2006. Desde então, vários árbitros
importantes do futebol brasileiro têm sofrido com as dificuldades
impostas pela avaliação e sido reprovados. No caso mais notório,
Leonardo Gaciba perdeu a oportunidade de apitar a Copa do Mundo de 2010
ao não passar nos testes de 2009.
- Eu realmente não estava
preparado para o teste porque apitava o tempo todo. Imagina você estar
no Rio Grande do Sul no domingo, depois ir ao Pará na quarta-feira e em
Pernambuco no sábado. Vai treinar quando? No avião? - brincou o
ex-árbitro.
Gaciba discorda do critério físico adotado pela Fifa e
acredita que os juízes mais velhos terão dificuldades em passar nos
testes, atualmente mais determinantes do que uma falha técnica ou
disciplinar cometida durante uma partida.
Hoje a situação está
cada vez mais difícil para os árbitros que chegam perto dos 40 anos. O
teste é muito exigente, e, depois da implantação dele, o número de
lesões de árbitros aumentou muito, de 3% para 65%. Para passar, você
precisa ser atleta. Tenho certeza de que, se colocarem os jogadores para
fazer, muitos não vão passar.
O gaúcho não foi o único a sofrer
com o teste. Wilson Luis Seneme, que havia sido o árbitro brasileiro
indicado para atuar na Copa do Mundo de 2014, foi reprovado em cinco
avaliações seguidas e perdeu a vaga. Leandro Vuaden, que seria a segunda
opção, também não teve êxito e abriu o espaço para Sandro Meira Ricci,
aprovado, ter a oportunidade de apitar.