A economia brasileira está andando com "duas pernas mancas", segundo o
ministro Guido Mantega (Fazenda). Para ele, a fraqueza vem dos efeitos
da crise internacional e da falta de crédito para bancar o consumo.
Segundo o ministro, o baixo crescimento do mundo é um "vento contrário"
ao desempenho do país. Já internamente, o aumento da inadimplência levou
os bancos a ficar mais cautelosos na liberação de novos empréstimos, o
que está limitando a expansão do consumo, disse.
"Isso significa que a economia brasileira está crescendo com duas pernas
mancas: de um lado, o financiamento ao consumo, que está escasso, e, de
outro lado, a crise internacional, que nos rouba uma parte da nossa
possibilidade de crescimento."
O ministro destacou, porém, que a inadimplência do consumidor está em
queda e que a economia mundial se recupera, fatores que devem colaborar
para a retomada da economia brasileira.
JURO MAIOR DO BNDES
Ele também destacou a importância dos investimentos para o crescimento.
Durante evento com empresários da indústria, anunciou que o programa do
BNDES que oferece juros subsidiados será mantido em 2014, mas com taxas
um pouco mais altas.
A elevação tem como objetivo reduzir os custos do governo para cobrir os
subsídios, já que os juros são mais baixos que os de mercado.
Os empresários aplaudiram quando ele disse que o programa seria mantido,
mas não repetiram o gesto ao ouvir que as taxas subirão.
O ministro argumentou que o aumento acompanha a elevação da Selic, taxa básica de juros da economia.
No caso da compra de caminhões, ônibus e máquinas, os juros anuais vão
passar de 4% para 6%. As taxas para investimento em inovação subirão
menos, de 3,5% para 4%. Já as cobradas no financiamento à exportação vão
de 5,5% para 8%.
ARRECADAÇÃO
Mantega também aproveitou para antecipar que a arrecadação de impostos
em novembro superou R$ 110 bilhões e foi a maior cifra já registrado no
mês.
Já era esperado um resultado recorde por causa da arrecadação de R$ 20
bilhões com a recuperação de dívidas tributárias, em três programas que
ofereceram descontos de juros e multa para pagamento de impostos
atrasados, à vista ou parcelado.
Mantega rebateu críticas de que não estaria cumprindo a meta de
superavit primário --economia para pagar juros da dívida pública.
Segundo ele, a dificuldade do governo reflete os cortes de impostos para
reduzir os custos de produção no país e estimular os investimentos.
A declaração segue comentário do presidente do Banco Central, Alexandre
Tombini, em audiência no Senado anteontem, quando afirmou que "quanto
mais [superávit] fiscal, melhor".
A meta de todo setor público --União, Estados e municípios-- é
economizar R$ 111 bilhões neste ano, mas até outubro o superávit
primário acumulado no ano está em apenas R$ 51,2 bilhões. A perda com
desonerações foi de R$ 64 bilhões no período.
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