17 de dezembro de 2013

El País analisa os cinco eventos que mudaram o mundo em 2013

O escritor venezuelano Moisés Naím, colunista do jornal El País, publica nesta terça-feira (17/12) a sua última coluna do ano, com uma avaliação dos cinco eventos que mudaram o mundo em 2013. "Silvio Berlusconi está fora e Angela Merkel foi reeleita. Nelson Mandela morreu e Hugo Chávez. Fidel Castro, não. As pessoas protestaram nas ruas de Kiev e Bangkok, Cairo e São Paulo. Teerã se sentou para negociar com os Estados Unidos pela primeira vez em 34 anos. China escolheu um novo líder. O tirano estagiário em Pyongyang executou seu tio. Pela primeira vez em 700 anos, um Papa pede demissão e entra em seu lugar um latino-americano, que emocionou a todos nós", enumerou o colunista.
Naím comenta que o cenário nos Estados Unidos, uma potência consolidada. Segundo ele, foi extraordinário o aumento na produção de petróleo e gás, uma realidade que vai mudar o mundo. Nos próximos cinco anos, a América do Norte, como um todo, irá produzir cerca de quatro milhões de barris de petróleo por dia, e as importações devem cair pela metade, prevê o colunista. Na avaliação de Naím, os EUA podem não só tornar-se auto-sustentável, mas talvez até exportar energia. As conseqüências disso são enormes e diversificadas. Oriente Médio sofre um forte choque econômico e político, por exemplo. A influência da Rússia e outros países deve ser menor. A abundância de energia deve incentivar a expansão do setor de manufatura nos EUA. E a abundância de hidrocarbonetos irá desencorajar o desenvolvimento de energias renováveis, o que é uma notícia terrível.
"Todo o mundo tem visto como Barack Obama não tinha poder para cumprir a sua ameaça de punir Bashar Assad no uso de armas químicas. Ou para evitar que o Tea Party paralisasse o governo. Ou para executar o seu programa de prioridade com a reforma da saúde. Nem poderia impedir a presidente brasileira de cancelar a sua visita à Washington após as denúncias de espionagem. Dilma Rousseff e Angela Merkel juntaram-se a outros chefes de governo para repreender Obama. Este foi o resultado de vazamento de Edward Snowden, que constitui um dos acontecimentos geopolíticos mais importantes do ano", destaca o texto de Naím.
Para o escritor, os fatos criaram no mundo uma percepção de que a superpotência não é apenas injusta, mas inepta, com um líder fraco. Porém, estes sentimentos são exagerados e vão mudar, na previsão de Naím. "Mas na política as percepções são parte da realidade e a imagem de uma América enfraquecida pela paralisia do governo e um presidente que não tem poder para tomar decisões ou realizar suas ameaças, certamente irão moldar os cálculos e as ações dos aliados e rivais", destaca ele.
Ganhou destaque nas anotações importantes de Naím a "nova agressividade internacional da China", que em novembro anunciou restrições ao tráfego aéreo em uma área ampla, que inclui as pequenas ilhas que o Japão considera suas. Houve tensão e envolvendo os Estados Unidos. "Mas a coisa importante sobre este incidente foi o anúncio de uma política externa mais agressiva que o mundo deve esperar de Pequim nos próximos anos", avalia o colunista do El País.
O Oriente Médio surpreendeu este ano, segundo Naím. Os fatos registrados naquela região devem mudar o resto do mundo e o futuro. Naim cita a derrubada de Mohamed Morsi e a tragédia síria. As negociações sobre o programa nuclear iraniano. As negociações entre palestinos e israelenses, que começaram em julho e ainda buscam um acordo final até meados de 2014. 
O Papa Francisco, Barack Obama e milhões de pessoas marcharam nas ruas denunciando como inaceitáveis são as enormes e crescentes disparidades entre ricos e pobres. "Cada vez mais, os governos, as instituições e os cidadãos tentam inverter esta tendência. Esta é uma boa notícia. Mas o desafio será o de lutar contra a desigualdade, sem dar poder de demagogos que, na verdade, acabam agravando-o", conclui o colunista.

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