Os bastidores de um negócio de US$ 4,5 bilhões
Os aviões suecos, fabricados pela Saab,
venceram a concorrência com o francês Rafale, da Dassault, e o americano
F/A-18, da Boeing
Foram 18 anos de uma guerra envolvendo os maiores lobbies da
indústria aeronáutica. Ao longo de quatro mandatos presidenciais, a
compra do caça de combate, que será usado pela Força Aérea Brasileira
nas próximas três décadas, mobilizou interesses políticos e empresariais
dos mais diversos. Na quarta-feira 18, a presidenta Dilma Rousseff pôs
fim à novela e autorizou a divulgação do resultado final da
concorrência. Contrariando as especulações em torno dos caças americano
F-18 Super Hornet e francês Rafale, sagrou-se vencedor o sueco Gripen
NG. A decisão já estava delineada na cabeça de Dilma desde o início do
mês e foi comunicada ao comandante da FAB, Juniti Saito, pela manhã.
“Vocês levaram!”, disse ela durante almoço no Clube Naval. O anúncio
oficial foi feito em coletiva de imprensa convocada à tarde pelo
ministro da Defesa, Celso Amorim, com a presença de Saito. Os
fabricantes foram informados pelo próprio Amorim, minutos antes do
evento. Para um processo que foi tantas vezes adiado, parecia improvável
que Dilma tomasse uma decisão ainda neste mês. Como 2014 é ano
eleitoral, já se falava no cancelamento definitivo do programa apelidado
de F-X2. Justamente pelo timing eleitoral foi que Saito alertou Amorim
em novembro sobre o risco de não haver clima para uma decisão e apelou
para a habilidade diplomática do ex-chanceler. A presidenta foi sensível
aos apelos de Amorim. Analisou o relatório sintético da short-list com a
classificação de cada um dos concorrentes. Entusiasmou-se com a
proposta da Saab: um monomotor de alto desempenho combinando tecnologia
de ponta e baixo custo. E isso num pacote com condições de financiamento
a longuíssimo prazo e ampla transferência de tecnologia. Sem dúvida a
equação perfeita para um país que se projeta no cenário internacional
como potência emergente, mas carece de recursos e ainda atravessa uma
crise econômica renitente.
A decisão foi comunicada ao comandante da FAB, Juniti Saito, na manhã da quarta-feira 18: “Vocês levaram”.
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