Para bom entendedor meia palavra basta. Embora a troca de farpas entre a
presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), nesta terça (17), em Suape, não tenha acontecido de forma
explícita, como era previsto, as atitudes dos dois presidenciáveis
demonstraram que o clima já não é mais tão fraterno. Sob uma áurea de
'cordialidade', os dois adversários obedeceram aos protocolos e as
alfinetadas foram disparadas de forma sutil.
Este foi o primeiro encontro entre os políticos após o rompimento da
aliança entre os dois partidos, quando o PSB entregou os cargos no
governo Federal. Ao fim da solenidade, Campos e Dilma embarcaram,
inclusive, no mesmo carro.
Mas, ao longo do evento, o desconforto do candidato socialista era
visível nos gestos e na postura. Na primeira agenda do dia, uma visita à
Refinaria Abreu e Lima, o governador sequer discursou. Dilma dominou o
microfone e emendou o pronunciamento com a presidente da Petrobras,
Graça Foster, e depois passou a palavra para o Ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão. Ao fim da solenidade, desceu do palanque para
assinar camisas e cumprimentar os funcionários.
Na segunda agenda do dia, no Estaleiro Atlântico Sul, Dilma discursou
por 37 minutos. Eduardo falou durante dez. Ao afirmar que é preciso
saber separar o interesse público da disputa política, Campos reiterou o
respeito pela presidente, mas deu o recado que está no páreo: "Talvez
seja essa a última vez que, como governador, terei a satisfação de
recebê-la em território pernambucano. E quero, nessas circunstâncias,
trazer a nossa palavra que sempre foi de boas-vindas".
Dilma, por sua vez, mostrou a que veio ao anunciar o pacote de obras
voltadas para a mobilidade no Grande Recife. A petista usou o tempo para
engatar uma agenda positiva e recheada de novidades para o Estado, no
melhor estilo socialista, que prega ser possível fazer mais e bem feito.
Ao fim do encontro, apenas os representantes socialistas deram
entrevistas à imprensa. Os deputados petistas João Paulo e Pedro
Eugênio, os senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB) e a
deputada federal Luciana Santos (PC do B) foram embora em comitiva assim
que o evento terminou, sem declarações.
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