18 de dezembro de 2013

À espera do inverno e das chuvas

 

Sem chuva há três anos, cidade símbolo do Fome Zero aguarda água encanada e emprego.

Os moradores da pacata Guaribas, no Piauí, não sabem o que é chuva há três anos. A cidade símbolo do Programa Fome Zero, criado há 10 anos pelo governo federal, aguarda com expectativa a chegada do fim do ano – lá chamado de inverno –, quando a chance de chover aumenta. Enquanto isso, nada de água caindo do céu e nada de água saindo das torneiras. Dois poços artesianos abastecem a cidade e, nos pontos mais afastados, a água chega com carros-pipa.

Os moradores reclamam do isolamento e da falta de asfalto para buscar emprego e atendimento médico nas cidades vizinhas. Apesar de terem sementes, trabalhadores rurais não conseguem plantar devido à falta de chuva e acabam ociosos. A reportagem sobre Guaribas é parte da série especial “Bye Bye Brasil, três décadas depois” que refaz a rota da Caravana Rolidei, do filme de Cacá Diegues.

Depois do Fome Zero, mobilidade zero

Pouco mais de 900 famílias estão inscritas no Fome Zero, segundo o Ministério de Desenvolvimento Social, o que representa quase 85% das moradias. Após uma década do programa, os habitantes de Guaribas dizem que a condição de vida no município melhorou, mas que a falta de mobilidade ainda é problema. Se não há médico e enfermeiro, a solução é buscar atendimento em outras cidades.
 A ligação com cidades vizinhas é a chance de conseguir emprego, visto que, em Guaribas, a única empresa contratante é a prefeitura, que tem pouco mais de 290 funcionários.
 O comércio é praticamente familiar e fecha as portas quando a situação econômica dos moradores enfraqueceA falta de empregos faz muitos moradores buscarem trabalho em outras cidades e até em outros estados. E um dos destinos preferido é São Paulo, onde pelo menos duas gerações de moradores já fincaram raízes.
 As novas gerações crescem com o desejo de conquistar um bom emprego, de estudar em boas escolas, de aumentar a renda e conseguir melhores condições de vida para a família.
 Para alguns, a rotina é viver temporadas curtas longe da terra, conseguindo dinheiro para viver mais um ano na cidade sem chuvas. Outros, no entanto, já não sonham mais em voltar..


Nenhum comentário:

Postar um comentário