Ele é brasileiro e mora em Miami há 15
anos. Preocupado com a própria privacidade, aceitou ser chamado pelo
pseudônimo de Carlos A Pompano. Saiu do Brasil, segundo suas próprias
palavras, porque “a gente vê que não é um país sério, tudo passa batido, as leis não são cumpridas”.
Músico, está atualmente parado por problemas de saúde, mas trabalhou
bastante por lá, em festas na região e até navios. Esta semana entrou em
contato com o Implicante e, em entrevista gravada, relatou um diálogo
preocupante do qual participou.
– Você viu quantos médicos estão indo [ao Brasil]?
– Não só médico. Tão mandando enfermeiro no lugar de médico também.
Quem respondia ao questionamento era seu
vizinho, um dos muitos cubanos fugidos da ilha e que estabeleceram
moradia na Flórida. Faziam referência, claro, ao Mais Médicos, programa
do governo brasileiro que vem contratando médicos estrangeiros para
trabalhar no interior do país, a maioria deles de Cuba.
Mesmo em se tratando de um cidadão que
vive nos Estados Unidos, por uma questão de segurança, uma vez que
estamos lidando com uma ditadura que persegue em suas fronteiras
famílias daqueles que estão fora delas, resolvemos preservar seu nome.
Mas Carlos deu mais detalhes sobre o amigo:
“Ele já está aqui há muito tempo. O cunhado dele é enfermeiro. Ele mesmo falou que o sujeito não sabia nem ajudar. Entende um pouquinho de enfermaria. E foi mandado ao Brasil como médico.”
O próprio cubano comentou-lhe que achava aquilo um absurdo:
“Ele falou que estava surpreso porque era uma pessoa que não tinha gabarito nem para ser enfermeiro e estava indo como médico”, relatou Carlos.
E ainda lembrou que os médicos em Cuba
recebem uma média de cem dólares, algo bem abaixo dos dez mil reais que o
governo brasileiro vem pagando aos líderes comunistas, que ficam com a
diferença.
“Se eles ainda fossem pagar tudo o que a Dilma está pondo? Mas está na mão do Castro”, segundo relatos do brasileiro.
Trata-se de uma denúncia gravíssima que
independe de ideologia ou ainda de se estar a favor ou contra o
programa: brasileiros, na sua imensa maioria humildes, estão correndo o
risco de serem atendidos por caríssimos charlatões enviados ao Brasil
por uma ditadura. Essa desconfiança poderia ser facilmente evitada se o
governo atendesse aos apelos da comunidade médica que pede pela
aplicação do Revalida, exame que impediria a atuação de médicos
despreparados no país. Entre o risco de ter-se profissionais
estrangeiros concorrendo com os nacionais no mercado após a aprovação no
teste (ao menos é essa a desculpa oficial), e o risco de um cidadão ser
atendido por um enfermeiro que se diz médico, é de bom tom acreditar
que o melhor para a nação, e até mesmo para o mercado, seja a aplicação
da avaliação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário