1 de dezembro de 2013

Cinquenta tons de pele


Toda a feroz campanha contra o ministro Joaquim Barbosa terá como causa a vingança contra a ousadia de condenar réus do sacrossanto partido que ocupa o poder federal? Ou, como causa associada, a possibilidade de que o ministro saia candidato à Presidência da República, cometendo o crime de lesa-majestada?

Talvez a causa seja outra (até porque Barbosa, arrogante, de trato áspero, muitas vezes grosseiro, dificilmente ganharia uma eleição): o ator Milton Gonçalves, respeitado militante dos movimentos negros desde os tempos em que isso não era moda, vê a face do racismo na guerra a Joaquim Barbosa. 'Se fosse louro de olhos azuis, o discurso seria outro'. Completa: 'Ele tem méritos. Não entrou por cotas, fala cinco línguas, é um personagem importante em nosso país'.

O advogado Humberto Adami, do Instituto de Advocacia Racial, entrou na luta por Barbosa, criando a campanha 'O Brasil abraça o ministro Joaquim e o STF' nas redes sociais e criticando a 'campanha desonesta, vil e evidentemente racista contra um brasileiro que tem cumprido fielmente suas obrigações constitucionais'. Lembra que a campanha racista é movida contra Barbosa, que é negro, e poupa os demais ministros que votaram a seu lado pela condenação. Mas os outros que condenaram os réus são brancos e não sofrem ataques.

Racismo também é coisa nossa. Esmeraldo Tarquínio, prefeito eleito de Santos, foi hostilizado por militares por ser de esquerda e cassado por ser negro.

Da ditadura à democracia, muita coisa mudou. Mas há fatos tristes que se repetem.

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