17 de abril de 2014

Ninguém explica nada





A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, não explicou nada no seu depoimento ao Senado. Não há como reconhecer contabilmente que a refinaria de Pasadena foi bom negócio. Contudo, ela defendeu as premissas que embasaram a decisão, sob o argumento de que a Petrobras, antes da crise financeira de 2008, tinha margens “muito boas” (ou seja, dinheiro em caixa para esbanjar).
Confessou que o prejuízo para a Petrobras com aquisição da refinaria foi de US$ 530 milhões. Depois, caiu em contradição, ao dizer que a usina tem operado em sua capacidade de processamento, de 100 mil barris por dia.
Se a unidade realmente processasse 100 mil barris por dia, teria sido um grande negócio, a Petrobras estaria no lucro, o assunto estaria encerrado e nem haveria necessidade de CPI ou qualquer outra apuração a respeito. Graça Foster disse que, em 2005, a ampliação de refino fora do Brasil era “decisão estratégica”.
Alegou que, no caso de Pasadena, o motivo principal era a localização da refinaria em um grande centro do maior mercado consumidor mundial. Como se isso significasse grande coisa, informou que o Citigroup deu aval para aquisição de Pasadena, com ressalvas comuns.
A presidente da empresa também informou que o investimento na refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), chegou a US$ 685 milhões, desde sua aquisição pela companhia de petróleo brasileira em 2006. Mas esse valor não inclui o aporte total de U$ 1,23 bilhão que a Petrobras pagou pela refinaria.
Ou seja, com a correção monetária, o gasto está passando dos US$ 2 bilhões, valor de uma refinaria zero quilômetro e de maior capacidade. A presidente da Petrobras omitiu as principais informações, que deveriam ser entregues por escrito aos parlamentares, em forma de relatório.
O que se precisa saber agora é quanto à refinaria realmente produz por dia e quem fornece petróleo bruto, já que a produção da subsidiária Petrobras America é de apenas 22,9 mil barris diários.
Ficam faltando, portanto, 77,1 mil barris diários para completar os 100 mil barris que Graça Foster alardeia, em sua missão impossível de tentar justificar o injustificável.
QUEM MENTE?– Já o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, complicou a vida de Dilma em seu depoimento, ontem, no Senado, afirmando ter sido correto no parecer preparado para o conselho de administração da Petrobras recomendando a compra da refinaria de Pasadena. Dilma disse que tomou a sua decisão baseada num resumo incompleto e com falhas. 

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