27 de abril de 2014

Caatinga é bioma cada vez mais raro em Pernambuco

Entre 2002 e 2008, o desmatamento da caatinga em Pernambuco correspondeu a dez vezes a área do Recife. Foto: Sofia Graciano/Divulgacao
Entre 2002 e 2008, o desmatamento da caatinga em Pernambuco correspondeu a dez vezes a área do Recife
A umburana-de-cambão pode ser incluída na lista dos símbolos da caatinga, cujo dia nacional será comemorado nesta segunda-feira. Cada vez mais rara de se encontrar no semiárido pernambucano, devido à derrubada ilegal, a árvore tem despertado o interesse de apicultores, artesãos e pesquisadores. Eles defendem o tombamento da espécie como patrimônio natural, o que seria mais um obstáculo à destruição de uma espécie importante para manutenção da caatinga.
O que acontece com a umburana ilustra bem a devastação sofrida pelo bioma. “Entre os problemas existentes, o maior deles é o desmatamento descontrolado”, diz Alexandrina Sobreira, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga. Entre 2002 e 2008, o desmatamento da caatinga em Pernambuco correspondeu a dez vezes a área do Recife. Ou seja, 2,2 mil km2 de plantas nativas, a exemplo da umburana, foram transformados em lenha.

Ao se derrubar a umburuna-de-cambão, explica o presidente da Associação Pernambucana de Apicultores e Melioponicultores (Apime), Alexandre Moura, quebra-se uma das cadeias naturais importantes da caatinga. As cavidades dessas árvores, caracterizadas por serem ocas, são bastante utilizadas por colônias de abelhas indígenas para reprodução e produção de mel, como também por periquitos, papagaios e jandaias para ninhos. Segundo Alexandre, as abelhas são essenciais para se preservar a caatinga pelo poder de polinização.

“É preciso controlar o estrago que estão fazendo com a caatinga, pois estamos encontrando dificuldade para nossos trabalhos”, pontuou o santeiro Manoel Cordeiro Sá Filho, 52 anos, o Mestre Manoel. Nos anos 1980 e 1990, no início da carreira, o artesão encontrava a umburana-de-cambão a poucos quilômetros de sua casa, em Ibimirim, no Sertão, enquanto hoje precisa recorrer a áreas mais distantes e até de outros municípios da região.

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