Presidente do PSDB e antogonista de Dilma na corrida presidencial, Aécio Neves protagoniza as outras duas peças. Nelas, o partido e seu candidato realçam duas antiapoteoses específicas: a Petrobras e a inflação. Há um quê de vingança nesse par de inserções.
Em campanhas anteriores, o PT insinuou que, eleitos, os candidatos do PSDB prevatizariam tudo, da Praça dos Três Poderes à Petrobras. Agora, num instante em que a estatal petroleira frequenta as manchetes como um feudo de aliados aportuni$tas, Aécio vai à forra: “O que nós queremos é salvar a Petrobras, é devolvê-la aos brasileiros.” E o locutor: “Se trabalhar direito, o Brasil tem jeito.”
Na propaganda em que trata de inflação, Aécio usa a conjunta adversa para instilar na plateia o medo de que o Brasil do Plano Real, inaugurado sob Itamar Franco e consolidado sob FHC, vire poeira:
“Nós brasileiros sabemos como foi difícil acabar com a inflação. E essa é uma conquista que nós não temos sequer o direito de perder. Por isso, pra nós do PSDB, é tolerância zero com a inflação.” E o locutor, de novo: “Se trabalhar direito, o Brasil tem jeito.” A frase será repetida em horário nobre, em rede nacional, até o dia 17, quando o PSDB exibirá seu programa de dez minutos.
Até recentemente, Aécio Neves era criticado até pelos seus aliados por exibir um oposicionismo suave como flor de laranjeira. Nas últimas semanas, o candidato fugiu desse figurino. Tomado pelo tom dos comerciais, Aécio parece convencido de que é melhor entrar logo na briga do que morrer como um transeunte inadvertido. Trata-se de uma estratégia de dois gumes.
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