25 de novembro de 2013

Empresa suspeita de pagar propina a assessores de Guido Mantega enganou até o STF


FRAUDE O atestado de capacidade técnica entregue ao Supremo (na foto maior, o plenário do STF). O texto diz que a agência Partners lidava com 25 profissionais, quando na verdade eram 13 (Foto: Reprodução)
O atestado de capacidade técnica entregue ao Supremo. O texto diz que a agência Partners lidava com 25 profissionais, quando na verdade eram 13
Em 1º de agosto deste ano, a Part­ners – empresa mineira que, como revelou a revista Época em sua última edição, é suspeita de pagar propina a dois assessores do ministro da Fazenda, Guido Mantega – conquistou seu segundo grande cliente em Brasília. Naquele dia, o Supremo Tribunal Federal (STF) assinou contrato com a Partners, no valor de R$ 3,8 milhões anuais, para a prestação de serviços de assessoria de imprensa e comunicação interna. Pelo contrato, a Partners assumiu o pagamento de salários de 35 jornalistas e funcionários que já trabalhavam no STF, terceirizados para uma outra empresa, que falira. Para ganhar o cobiçado contrato, a Partners apresentou documentos conhecidos como “atestado de capacidade técnica”. O principal atestado entregue pela Part­ners contém uma fraude. Ele foi assinado em junho pela gerente de Recursos Logísticos do Ministério da Fazenda, Sandra Vidal. Nele, Sandra escreve que a Partners emprega, na Fazenda, “um quantitativo aproximado de 25 profissionais”. Isso daria à empresa capacidade para assumir um contrato com 35 funcionários. Ocorre que essa informação é falsa.

O Ministério da Fazenda conta efetivamente com 13 jornalistas empregados pela Partners, embora declare empregar 21 profissionais. A prestação de contas entregue pela Partners à Fazenda é fraudada, todo mês, com contracheques de funcionários da Partners que atendem, na verdade, outros órgãos públicos, como a Cemig, distribuidora de energia em Minas Gerais, ou a Comissão de Valores Mobiliários, no Rio de Janeiro.
A fraude, segundo disse a secretária Anne Paiva, que trabalhava no escritório da Partners em Brasília, permitia que a empresa superfaturasse o contrato de R$ 4,4 milhões anuais. Em troca, afirmou Anne, a Partners pagava dinheiro a Marcelo Fiche, chefe de gabinete de Mantega, e a Humberto Alencar, adjunto de Fiche e fiscal do contrato. Anne disse que entregou dinheiro vivo quatro vezes aos dois assessores, num total de R$ 60 mil. Segundo Anne, o Ministério da Fazenda pagava a fatura mensal da Partners, a empresa repassava uma parte do depósito à conta pessoal de Anne e, ato contínuo, ela sacava o dinheiro e o entregava aos assessores. Anne entregou documentos internos da empresa, como comprovantes bancários, e-mails e uma mensagem de Skype, em que o diretor financeiro da Partners, Vivaldo Ramos, determinava que ela entregasse propina a Humberto Alencar.(penoticias)

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