A
publicação Ataques à Imprensa – Jornalismo na Linha de Frente, sobre a
situação dos países americanos no que diz respeito às ameaças à
liberdade de imprensa, foi entregue por Lauría a autoridades brasileiras
há cerca de um mês. Para criar o ranking, a instituição analisou o
período de 2002 a 2011 e adotou a proporção de casos não solucionados de
jornalistas assassinados por um milhão de habitantes. No Brasil, o
índice ficou em 0,026. De acordo com a pesquisa, cinco assassinatos
ficaram sem solução no país na última década.
O
líder do ranking foi o Iraque, onde não houve nenhuma condenação em 93
casos de assassinato de jornalistas ocorridos na última década. A maior
parte desses crimes foi cometida quando o país estava em guerra. Segundo
o relatório, não tiveram solução no país 2.906 casos de jornalistas
assassinados, por 1 milhão de habitantes no mesmo período. “O fracasso
em condenar os responsáveis por esses crimes é um problema global porque
os profissionais ficam sem a proteção do Estado e os agressores têm a
tranquilidade que não sofrerão consequências pelos atos que cometeram”,
disse.
No
caso brasileiro, Carlos Lauría enfatizou a preocupação em relação aos
casos de violência contra blogueiros, lembrando que em 2012 foram mortos
Mário Randolfo Marques Lopes, editor de um site de notícias em Barra do
Piraí (RJ), e o jornalista e blogueiro Décio Sá, no Maranhão. “A maior
utilização das ferramentas digitais para divulgação de informações e de
opiniões por comunicadores que trabalham, muitas vezes de forma
independente, é motivo de preocupação, porque, pelo que temos visto, os
torna muito vulneráveis. Quando se trata de profissionais que atuam no
interior do país, em locais com acesso mais difícil à Justiça, as
ameaças são ainda maiores”, destacou.
O
coordenador do CPJ também chamou a atenção para as ações movidas por
empresários, políticos, funcionários públicos, entre outros, que,
alegando ofensas à honra ou invasão de privacidade, tentam impedir a
publicação de notícias de interesse público ou retirar de sites matérias
já publicadas.
Em
2010, o CPJ registrou um assassinato de profissional da imprensa em
razão de sua atividade no Brasil. Em 2011 foram três e no ano passado,
quatro. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco) registrou 119 assassinatos de jornalistas em 2012, o
maior número desde que o organismo começou a contabilizar esses
episódios, em 1997.
O
CPJ foi criado em 1981 por um grupo de correspondentes norte-americanos
com o objetivo de defender os direitos de colegas que atuavam em
ambientes repressivos e perigosos. A primeira campanha resultou na
libertação de três jornalistas britânicos presos na Argentina em 1982
durante a cobertura da Guerra das Malvinas. (Da Agência Brasil - Thais Leitão)
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