24 de abril de 2013

Empurrando com a barriga

 
Entre o discurso do Governo Dilma e a prática há uma distância muito grande. O pacote de R$ 9 bilhões anunciado em Fortaleza, diante de todos os governadores nordestinos, ainda não saiu do papel ou pouco foi feito.
Em alto e bom som, a presidente garantiu que as dívidas dos produtores rurais atingidos pela estiagem seriam prorrogadas ou perdoadas. Passados mais de 15 dias, os bancos continuam cobrando a fatura aos inadimplentes.
De passagem ontem por Petrolina, onde discutiu medidas para o pós-seca, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, foi cobrado pelo secretário de Agricultura, Ranilson Ramos. Segundo ele, 100 mil produtores estão enforcados com dívidas no Banco do Brasil e no Banco do Nordeste que totalizam R$ 374 milhões.
Em se tratando de Nordeste, este valor sobe para R$ 6 bilhões. A rolagem dessas dívidas é emergencial para o fortalecimento do setor produtivo do Nordeste, porque, segundo Ranilson, o agricultor depende da regularização da sua situação bancária para buscar novos empréstimos com vistas a investir na recomposição das pastagens e do rebanho bovino, além de abrir poços para aumentar suas reservas hídricas.
Pepe não garantiu que a promessa de Dilma será cumprida, porque a normatização não depende dele, mas da equipe econômica, especialmente o Banco Central.
A decisão de Dilma é política e atende a uma pressão dos setores produtivos do Nordeste, mas se ela própria não acompanhar de perto os tecnocratas do seu Governo, insensíveis, vão continuar empurrando com a barriga.

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