A fala, em entrevista coletiva após cerimônia solene no Senado, é a primeira declaração pública de Dilma após o episódio que resultou na demissão do ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), na noite de ontem.
Após saída de chanceler, senador boliviano cancela audiência no Senado
Saboia, que trouxe ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina e gerou uma crise diplomática entre os países, fez na segunda-feira, em entrevista à Folha, referência ao centro de repressão do Exército durante a ditadura onde a presidente ficou presa.
"O senador estava havia 452 dias sem tomar sol, sem receber visitas. Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi [centro de repressão do Exército durante a ditadura]. O asilado típico fica na residência [do embaixador], mas ele estava confinado numa sala de telex, vigiado 24 horas por fuzileiros navais", disse o diplomata.
"Um governo age para proteger a vida. Nós não estamos em situação de exceção, não há nenhuma similaridade. Eu estive no DOI-Codi, eu sei o que é o DOI-Codi. É tão distante o DOI-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno. Literalmente isso", afirmou Dilma.
A presidente disse ainda que "um país civilizado e democrático protege seus aliados" e que a embaixada do Brasil é "extremamente confortável".
"Nós negociamos em vários momentos o salvo-conduto, não conseguimos. Lamento profundamente que o asilado brasileiro tenha sido submetido à insegurança que ele foi. Um Estado democrático civilizado, primeira coisa que faz é proteger a vida, sem qualquer outra consideração. Protegemos a vida, a segurança e garantimos conforto ao asilado", completou.
Ela informou que o ministro Celso Amorim (Defesa) dará esclarecimentos ainda nesta terça-feira sobre a atuação de fuzileiros navais na ação. Ela insistiu que "não tem nenhum fundamento acreditar que é possível que um governo em qualquer país do mundo aceite submeter a pessoa que está sob asilo a risco de vida".
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