27 de agosto de 2013

Campos diz que falta 'traquejo político' e 'diálogo' a Dilma

  Governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) (Denilson Dias/O Tempo/Folhapress)
O presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou nesta terça-feira (27) que falta "traquejo político" e "diálogo" à presidente Dilma Rousseff.
"Eu tenho respeito por Dilma, uma pessoa honrada, séria, mas acho que muitas vezes a falta de traquejo político, de diálogo, é percebida pelos prefeitos, governadores. Acho que o governo precisa dialogar mais, ter humildade. Governar é um gesto de humildade, de construir consenso", afirmou no quadro "Dois Dedos de Prosa", do "Programa do Ratinho" (SBT). Ainda não há definição sobre a data em que a entrevista será exibida.
Campos é potencial candidato à sucessão de Dilma. Hoje, ele preside um partido que faz parte da base de apoio do Planalto.
Questionado por Massa sobre quem --entre Aécio Neves (PSDB), Dilma e ele -- poderia ser candidatos em 2014, disse que "todos podem estar dentro". "A eleição não está definida. O quadro dos partidos ainda não está definido. A eleição de 14 está completamente em aberto, está zerada."
No início, Campos foi apresentado por Ratinho à plateia como o governador com melhor avaliação do Brasil. "Nós vamos fazer uma entrevista com ele e eu preciso do apoio de vocês, que vocês tratem ele muito bem."
INFLAÇÃO
Campos disse também que "teme a volta da inflação". "Sei que ela mata o futuro do Brasil e ofende a renda dos mais pobres. A inflação é um germe, uma bactéria perigosa. Temos que ter cuidado para que ela não se instale no sistema brasileiro", disse.
Sobre a vinda de médicos estrangeiros para trabalhar no Brasil, Campos disse que "como paliativo, tem que chamar de onde vier, porque é pior sem eles." Disse também ser "a favor de abrir universidade para os filhos de brasileiros virarem médicos no interior".
Criticou também a redução da participação do governo federal no financiamento do sistema público de saúde. "No final dos anos 1980 a união botava 75% dos recursos da saúde. Sabe quanto é hoje? Em torno de 45%. A União precisa voltar a colocar mais recursos para garantir que as unidades atendam mais, melhor, com mais atenção ao povo."
Atacou ainda a falta de recursos repassados pela União para a área da segurança. Questionado por Ratinho sobre como um presidente poderia ajudar na área da segurança, respondeu: "Para cuidar da segurança tem que dar recurso. Eu não recebo um real para cuidar da segurança de Pernambuco".
Disse também que acha que o país precisa "evoluir para uma política social 2.0". "A gente não pode condenar que uma mãe de família receba ajuda para comprar um pacote de fubá, mas não podemos achar que isso vai resolver o problema. O que vai resolver é uma grande aposta na educação".
CANDIDATURA
O governador também afirmou que vê com "naturalidade" que a base de seu partido trabalhe seu nome como candidato à sucessão de Dilma Rousseff e disse que a legenda sabe "o tamanho da minha disposição" sobre 2014.
"É natural que os partidos e a base partidária comece [esse debate], na medida que se aproxima a eleição. O calendário eleitoral de 14 começa agora em setembro, final de setembro com os prazos de filiação, começa esse debate a se intensificar dentro dos partidos", afirmou antes de participar do "Programa do Ratinho" (SBT).
Campos repetiu, no entanto, que a decisão de concorrer ou não "nós vamos tomar em 14". "Se já tivesse a resposta agora a gente já estaria vivendo em 14."
O pernambucano disse também que o partido "sabe qual é o tamanho da minha disposição" sobre a eleição presidencial do ano que vem. "Tanto que me conduziu à presidência [do PSB] por unanimidade duas vezes. Se não tivesse disposição de fazer diálogo, de construir consensos, não teria sido eleito duas vezes por consenso presidente do partido", disse.
"Mas, mais do que disposição, tenho responsabilidade. Sei da situação que o país vive e sei que a gente tem de ter nessa hora muita responsabilidade com o futuro do país", disse.
O pernambucano voltou a criticar resultados da política econômica do governo federal. "Os EUA já dão sinais de estar saindo da paralisia e nós, na hora que o mundo dá sinais de melhora, nós damos sinais de piora. E nós precisamos melhorar o debate político no Brasil, que vá além das candidaturas, dos interesses dos partidos."
"De certa forma em 2010 esse debate foi interditado teve um debate muito empobrecido do ponto de vista do seu conteúdo e ele está fazendo falta agora."
Além de Campos, outros potenciais presidenciáveis já participaram da atração neste ano. Em maio, Carlos Massa recebeu o tucano Aécio Neves. Em julho, foi a vez de Marina Silva, que trabalha para criar a Rede Sustentabilidade.
Massa afirmou antes do programa que Campos é a pessoa mais citada nos e-mails que pedem para que ele receba políticos no quadro "Dois dedos de prosa". "Pedem mais que Dilma. Porque [Campos] é novidade."
A atração é conhecida por receber pré-candidatos. Em 2012, Massa chegou a ser multado por propaganda antecipada do petista Fernando Haddad, eleito prefeito de São Paulo.
Este é o segundo dia seguido de compromissos públicos de Campos em São Paulo. Ontem, ele falou a investidores de uma consultoria e líderes políticos. Hoje pela manhã, participou do Congresso Brasileiro de Avicultura. À tarde, foi a um evento do setor portuário em Santos.
Campos tem tentado se aproximar do empresariado paulista. Ontem, questionado como faria para se tornar conhecido no Sudeste caso se torne candidato, afirmou: "Vindo para cá".

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