27 de agosto de 2013

Conseguiram enganar o gigante


A relação do brasileiro com a política é algo único. Não somente com a política relacionada aos corredores do Palácio do Planalto, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. O brasileiro lida de forma peculiar com regras de boa conduta no local de trabalho, na escola, no lazer e até dentro da própria casa. Tem a mania de reclamar e de pouco fazer para mudar o que lhe incomoda. E quando resolve sair do sofá para protestar, basta uma nova polêmica, um novo bate-boca, para perder o foco do que até então o incomodava.

O Governo Federal, esperto como ele só, decidiu abafar o levante popular e lançou mão do Programa Mais Médicos. Criticado por uns e aclamado por outros, o projeto, criado por uma medida provisória, foi, inclusive, um dos assuntos mais presentes ao longo das últimas manifestações. Tão presente que tirou as próprias manifestações do foco.
E não só isso. Esqueceram-se do pastor Marco Feliciano (PSC) e dos absurdos por ele vociferados enquanto presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Esqueceram-se do deputado Jair Bolsonaro (PSC), de suas arbitrariedades e dos ataques grosseiros aos homossexuais e às mulheres que não se submetem às vontades dos seus maridos.
Apesar dos olhares atentos da imprensa nacional, o processo do mensalão, que no início do ano alcançou status de “trending topics” no Twitter, ou seja, um dos assuntos mais comentados entre os usuários da rede social, voltou a ser debatido por trás dos panos e, ainda assim, apenas entre os mais antenados no universo da política.
Até as manifestações populares que levaram milhares de pessoas às ruas e avenidas de diversas cidades brasileiras no último mês de junho, um protesto que motivou dos pequenos municípios à maior metrópole do país, caiu no poço do esquecimento. O “gigante” que outrora havia acordado, voltou a dormir, vítima do descrédito de uma população que, aos poucos, vai se rendendo à manipulação dos grandões do poder.
Estaria o brasileiro fadado a acolher as falcatruas dos seus gestores? Estaria a população destinada a consentir com uma roubalheira desenfreada e com um desgoverno impiedoso? Até quando essa maquiagem, fruto de um marketing político eticamente vergonhoso, vai continuar a enganar toda uma nação?

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