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Diante
de um quadro tão dramático no Nordeste, em que se assiste a uma luta
quase que inglória para se salvar o rebanho bovino dos efeitos da mais
longa seca dos últimos 50 anos, o Governo começa a tirar do papel as
promessas para realização da Copa do Mundo em 2014.
Estima-se
que os investimentos cheguem a R$ 40 bilhões, dos quais mais de R$ 10
bilhões na construção e reformas de estádios. Não entendo de futebol e,
portanto, não posso colocar a minha colher nesse cozido, mas não teria
sido mais logico e mais econômico para o País centralizar o certame
mundial nos principais centros econômicos, como São Paulo, Rio e Minas?
Após
a Copa, para que servirá, pelo amor de Deus, uma super Arena em Manaus,
São Lourenço, Natal e Cuiabá? Essas superestruturas sediarão apenas
três jogos da Copa e priu! Com tantas desigualdades, miseráveis
convivendo com ratos nas favelas e mendigando nas ruas, o Brasil pode se
dar ao luxo de se curvar a pressões políticas ou vaidades?
Com
a dinheirama investida em arenas do Nordeste, como Salvador, Fortaleza,
Natal e São Lourenço, o Governo certamente teria mais retorno em
projetos capazes de aumentar a capacidade hídrica do Nordeste.
Faz
Copa do Mundo quem pode! Quem pode se dar a esse luxo são os países
ricos do mundo civilizado. A luta no Brasil, infelizmente, tem que ser
ainda pela sobrevivência humana, pelo fim das disparidades sociais e
injustiças.
Gostaria
de saber se justifica um investimento de R$ 400 milhões, só por parte
do BNDES, para erguer uma arena da Copa em Manaus! Claro que não. Esta
arena de São Lourenço é outro grande equívoco. Para sediar apenas três
jogos mundiais, que não incluem a apresentação da seleção brasileira,
não teria sido mais lógico ampliar e modernizar o Arruda?
Esse
excesso de gastos públicos é uma repetição, sem nenhuma dúvida, dos
Jogos Pan-americanos de 2007, inicialmente previstos em R$ 500 milhões,
tendo custado ao seu final R$ 4 bilhões.
O
mais incrível disso tudo é que, para o País não passar vexame na Copa,
não há limite de gastos, enquanto a seca vai deixando um rastro de
destruição como um tsunami, pegando de proa especialmente o gado.
Por
mais esforços dos pecuaristas em parceria com o Governo, em Pernambuco,
por exemplo, a seca vai reduzir metade do seu rebanho bovino e deixar
80% dos reservatórios em colapso total...
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8 de abril de 2013
A Copa e a seca
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