Faltando mais de um ano para a eleição, a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deu novo passo na quarta-feira. Seu partido, o PSB, entregou amigavelmente os dois ministérios (Portos e Integração Nacional) de que dispunha no governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
Tão amigavelmente, aliás, que foi prometido: o PSB continuará votando a favor dos projetos do governo federal, mesmo sem cargos.
Estaria assim comprovado, declarou Campos, que o PSB "nunca se caracterizou pela prática do fisiologismo" e que se pauta pelo "desapego a cargos".
Eram muitos. Além dos dois ministérios, o partido abandona postos no segundo escalão, como Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) e Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste).
Agora, fica "à vontade para fazer o debate sobre o Brasil", afirmou-se. "Queremos debater o crescimento econômico, a geração de empregos, o estado da saúde e da educação, o pacto federativo."
Sim. Agendas desse tipo deveriam constar da vida normal de qualquer partido que se preze. O curioso é que só agora o PSB se disponha a formular tal discussão.
Estivéssemos num teatro político mais sério, o caminho seria inverso ao apresentado nesse gracioso "bal masqué".
Um partido teria, desde sempre, seus projetos e visões; aceitaria participar de um governo, se alguns pontos de seu programa fossem incorporados à plataforma vencedora. A ruptura posterior se daria diante de divergências em sua execução, ou de mudanças quanto ao rumo a ser seguido.
De modo bem diverso se concebeu o divórcio galante. Tudo nasce de uma aspiração pessoal, a de Eduardo Campos. Vendo espaço para sua evolução presidencial, enquanto Marina Silva marca passo com sua Rede Sustentabilidade e Aécio Neves (PSDB) gira em torno de si mesmo, o governador de Pernambuco sai agora em busca de pautas, bandeiras e debates.
Quais? Ninguém sabe ainda. Exploraria algum flanco à direita do governo, se este fixar a imagem de refratário aos interesses da iniciativa privada. Seria mais desenvolvimentista, se o PIB não acelerar. Não será muita coisa, se a popularidade de Dilma se recuperar.
Partido que mais cresceu nas eleições municipais de 2012, o PSB sofre com o peso exercido pelo PMDB na composição de chapas e ministérios em governos petistas.
A história é antiga. Numa famosa ópera de Puccini, amantes despediam-se cantando um "addio, senza rancor". Faltam ainda um ou dois atos de cantoria.
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