Costumava desfilar nas ruas em cima de caminhões com letreiros gigantes pedindo donativos para os pobres, pois levantava a bandeira da defesa das minorias. Na história, ficou marcado por ser dono de uma ambulância e um caminhão de mudanças que colocava a serviço do povo. Além disso, todos os meses, doava 20% de salário ao Hospital do Câncer.
Braz Batista era o típico político do povão. Tanto em sua casa quanto na Câmara, as pessoas recorriam a ele quando passavam por alguma privação. “Misericórdia! Era uma romaria! Ele já saía doido do gabinete. Era gente no plenário, no gabinete, no pátio da Câmara, na casa... Fruto do trabalho dele, porque era muito popular”, relembra o ex-vereador Liberato Costa Júnior (PMDB), amigo e colega de vereança. A filha mais nova dele, Paula Santos, lembra que assim que chegava da escola havia uma fila de cerca de 20 a 25 pessoas à sua porta para pedir ajuda ao pai. “Na realidade, a gente não tinha privacidade. Mas ele sempre lembrava o seguinte: que tudo o que ele conseguiu na vida, tudo o que a gente tinha e ele não teve na vida, escola, curso de inglês, ele agradecia a Deus, a Nossa Senhora e ao povo. Então, tinha que devolver ao povo”, lembra.
Segundo Paula, havia até um restaurante em que as pessoas podiam fazer refeições e colocar na conta do então vereador. Não à toa, até hoje alguns dos seus eleitores ainda batem na porta onde hoje vivem a viúva, Joana Braz Batista, e seu neto, Darlan Batista. “Não tinha o carrinho que ele empurrava pelo Recife? Eu ficava entre o carrinho e ele”, lembra Darlan, que acompanhou o avô em suas andanças em campanha política. “Muita gente bate aqui hoje. A Dona Marta, o Seu Biu do Ibura. As pessoas pedem gás, por exemplo, quando falta na casa deles. Acabam fazendo companhia a vovó”, conta ele.
Braz Batista conquistou seu primeiro mandato em 1972, pela Arena (partido dos militares na época da ditadura), e o segundo em 1982, já pelo PDS. “A primeira eleição foi acidental. Foi a vontade de botar um camelô (na Câmara). Já na segunda eleição, além desse pessoal da classe dele, do populismo, do camelô, da pobreza, outras pessoas de outras camadas votaram porque gostavam dele. Na segunda tinha o voto da classe média. Ele era muito atuante”, conta Liberato. “Foram votos que depositaram nele, a credibilidade por ser uma pessoa do povo, que dizia que ia trabalhar para o povo. E foi o que ele fez”, afirma o neto Darlan. Entre os seus slogans, estava o “Ruim por ruim, vote em mim”.
Braz disputou a reeleição em 1988 e uma vaga na Assembléia Legislativa em 1990, mas sem sucesso. Faleceu aos 57 anos, com câncer nos pulmões, devido ao excesso de fumo, no Hospital do Ipsep em 16 de julho de 1993, dia da padroeira do Recife, Nossa Senhora do Carmo.
O lendário vereador hoje dá nome a uma rua no bairro de Passarinho. Um ano após sua morte, a Câmara aprovou um projeto de lei que determinou que a próxima creche inaugurada no Recife deveria se chamar Braz Batista. Entretanto, até hoje nenhuma unidade recebeu este nome
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