11 de maio de 2013

País sem ideologia

CARLOS CHAGAS
 A posse do novo ministro Guilherme Afif, anteontem, serviu para embaralhar mais uma vez o debate ideológico no país. Ou a ausência dele, porque ideologia não há mais. Como definir o governo Dilma Rousseff? Voltado para o mercado e aberto à ampla liberdade de ação dos agentes econômicos? Ou empenhado em reforçar os controles do poder público em favor dos menos favorecidos?
Não dá para permanecer por mais tempo com um pé em cada margem da corrente. Afif é representante das elites. Para cuidar das micro e pequenas empresas, a presidente Dilma escolheu quem tradicionalmente representou e defendeu os interesses das grandes empresas. Sete milhões e quatrocentos mil pequenos negócios continuam subordinados e girando em torno daqueles que dirigem os grandes negócios. Com a diferença de que estão, os pequenos, algemados à burocracia estatal e obrigados a carrear seus recursos para enfrentar inutilmente o mutirão de impostos e taxas que os grandes protelam e até ignoram.
“A força está nos pequenos”, disse o novo ministro, mas só um milagre inverterá a equação de subserviência deles diante de instituições dos poderosos, a começar pelos bancos.
Dilma referiu-se ao “custo Brasil”, eterno pretexto dos grandes para exigir que o estado trabalhe por eles, com eles ignorando o estado. Defendeu que a estrutura dos portos venha a ser aberta ao setor privado. Nada a opor, caso o setor privado contribua de forma efetiva para desafogar e estimular a produção. Tudo são dúvidas, num país sem ideologia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário