SUZANA SINGER - FOLHA DE S.PAULO *
A Folha acusou
a presidente Dilma de entregar casas sem água nem luz no interior da
Bahia. O jornal mostrou, na quarta-feira, que parte das moradias
inauguradas em Vitória da Conquista, no programa Minha Casa Minha Vida,
estavam no escuro e a seco. Os moradores usavam velas à noite e enchiam
baldes nas casas dos vizinhos.
Bastava ler o
'outro lado' para concluir que a acusação não fazia sentido. O
Ministério das Cidades explicou que as casas foram entregues com
instalações elétricas e hidráulicas e que cabia ao beneficiário do
programa pedir a ligação dos serviços às empresas de distribuição do
Estado.
Acontece o
mesmo com quem compra um imóvel sem ajuda federal: é a pessoa que,
depois de receber as chaves, aciona o fornecimento de água, luz, gás,
telefone.
Os casos
relatados indicavam que nem havia um problema exagerado de demora na
entrega desses serviços. Apenas uma dona de casa esperava a instalação
de luz havia oito dias, três a mais que o prazo dado pela companhia
elétrica.
Diante das
explicações dadas pelo governo e pelas concessionárias de serviços
estaduais, o jornal deveria ter derrubado a reportagem. Não adianta
registrar burocraticamente o 'outro lado', como prega o 'Manual da
Redação', mas insistir numa acusação vazia.
A Redação
não concorda. 'A informação de que as casas foram entregues sem água nem
luz é relevante por mostrar a pressa com que o governo tem organizado
essas inaugurações, por motivos obviamente eleitorais. O objetivo da
reportagem era mostrar isso e não culpar a presidente pela falta de água
e luz', diz a editoria Poder.
Se era
assim, por que o título dizia 'Dilma multiplica viagens e entrega casas
sem água e luz'? Em plena campanha (alguém duvida que já começou?), é
preciso ser mais rigoroso com as denúncias envolvendo qualquer um dos
candidatos. Do contrário, o jornal estará apenas fornecendo
matéria-prima para os programas eleitorais de 2014. (Folha de S.Paulo - Ombudsman)
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