O artigo traz avaliações de especialistas sobre o assunto, que afirmam que a presença desses jovens violentos nos protestos legítimos é a melhor forma de esvaziar as ruas. "A oposição começou a suspeitar de que grupos violentos eram manipulados pelos governos locais para manter as ruas tranquilas", diz o texto. As pressões da sociedade levaram a polícia a agir e prender os grupos radicais nas duas cidades que mais foram atingidas por eles, Rio de Janeiro e São Paulo. A Justiça do país está criando uma lei rigorosa que pode determinar a prisão desses manifestantes por até oito anos. El Paìs faz um comentário sobre essa lei: "Não se crê, no entanto, que podem ser efetuadas". Para justificar a sua avaliação, o artigo cita o caso do Sindicato dos Professores na cidade do Rio de Janeiro, que "aplaudiu o trabalho dos black blocs nas manifestações da categoria. "A questão é quanto tempo isso pode continuar e o que fazer com esses jovens órfãos da política que já teve espaço para mostrar a sua indignação dentro dos principais partidos da esquerda radical, como o Partido dos Trabalhadores (PT) ou Partido Comunista", destaca o texto.
Juan Arias diz que nos dias atuais "os partidos nascem pulverizando com sonhos ainda pequenos de partidos marxistas e até trotskistas, enquanto assiste aos seus "pais". Em seguida, os partidos tornaram-se o sistema democrático liberal tradicional para governar o país juntos. E, juntos, participar na celebração da corrupção política". Ele continua a sua análise afirmando que atualmente existem apenas pequenos partidos de esquerda radicais, como o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), nascidos após a expulsão do partido de um pequeno grupo de senadores e deputados durante o primeiro governo do ex-presidente Lula da Silva (PT), ou PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), um partido marxista revolucionário também nascido após a expulsão do Partido dos Trabalhadores, em 1992. São suas bandeiras minoritárias, mas politicamente agressivos, que sustentam as ações de violência simbólica.
O artigo do El Paìs traça um perfil desse jovem mascarado que está nas ruas protestando violentamente e "tenta" ser um ativista, além de citar o trecho de uma canção para melhor traçar o perfil dos jovens: "Estamos lutando por algo que não sabemos o que é". E no trecho seguinte comenta: "mas sugere buscar uma revolução contra um sistema que não os aceita". Arias publlica ainda um depoimento de uma jovem brasileira à agência BBC Brasil: "Não diria que a revolução é uma realidade agora. Algumas revoluções do pensamento levaram dois séculos para serem concluídas, mas pode ser que a nossa ação (violenta) seja o começo de algo grande e importante".
Em seu artigo, Arias diz que é comum impor que os jovens de 20 anos de idade têm e devem ter vocação revolucionária como anos atrás. O problema é que no desejo de mudar as coisas, até mesmo a violência deixa de ser canalizada por partidos de esquerda da oposição que lhes deu espaço para protestos de rua e, até mesmo, para militância política. "Hoje, esses jovens com vocação política extremista e espaço não são os partidos de esquerda do passado", afirma Arias. Ele cita que na semana passada, o ex-presidente Lula comentou que o seu partido, o PT, nasceu na rua e deve retornar às rua.
O El País finaliza avaliando caminhos para solucionar a questão das manifestações no país: "Como é que a classe política atual será capaz de oferecer canais de expressão para os jovens que hoje se sentem órfãos políticos, deixados à sua própria sorte e que são vítimas da violência policial e considerar o que eles chamam de " violência do Estado "?", destaca Arias.
O artigo do El País se aproxima da linha de pensamento dos editoriais do Jornal do Brasil, publicados recentemente. O vácuo de ética na política, a ausência de bons exemplos e a generalização da corrupção fazem surgir uma geração descrente, que repudia o poder público e desconta este inconformismo em protestos violentos. Por sua vez, os governantes permitem que os ânimos se acirrem justamente para terem aval de usar a força em nome da ordem, e julgar a culpa do caos no vandalismo. Enquanto isso, as denúncias e escândalos envolvendo o dinheiro público acabam indo para o segundo plano.
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