15 de agosto de 2012

Quanto vale a Petrobras na mão do governo?



Petrobrás divulga  prejuízo de R$ 1,346 bilhão no segundo semestre de 2012.

A Petrobrás é uma empresa cujo dono é o governo, uma empresa estratégica que representa em torno de 12% da economia brasileira, ou seja, o resultado econômico de tudo o que é produzido no Brasil e sozinha ela é responsável por 93% da produção de Petróleo que é fabricado no Brasil. 

Como a economia mundial é movida a combustível fóssil, qualquer oscilação no mercado internacional pode  afetar a vida de todas as pessoas, isso significa na prática o aumento da inflação, do custo de vida e  o país perde competitividade.

O que os países desenvolvidos fazem? Eles desestimulam a população usar o automóvel, o gasto desnecessário de combustível, criam medidas duras para isso e estimulam o crescimento da economia em setores com menor dependência do petróleo, esse crescimento é equilibrado com o equivalente ao nosso CIDE (que foi totalmente desonerado) para diminuir a pressão do aumento de demanda de deslocamentos  nas cidades.

O que o Brasil faz? Vai na contra-mão dessas medidas , criando políticas bizarras do tipo “A Vida é Bela”, diminuiu o IPI dos automóveis, desonerou o CIDE, estimulou o consumo de combustíveis  através dos descolamentos individuais, aumentou o crédito para compra de carros e criou uma economia artificial mantendo os preços dos combustíveis sem reajuste, ou seja , comprando gasolina mais cara nos exterior e vendendo mais barato no Brasil.

Para entender o que ocorre hoje  com a Petrobrás, vamos fazer um exercício   sobre se esse modelo de gestão fosse aplicado pela iniciativa privada.

Imagine uma empresa privada que vende cerveja? Imagine agora que no Brasil tivéssemos apenas uma única empresa de cerveja,  e que ela produzisse também os seus insumos  ( cevada, maltes etc) . Mesmo tendo o monopólio sobre a produção interna, essa empresa precisa  estimular suas vendas  através da publicidade e das ferramentas tradicionais de esforço de venda, tais como  promoção, políticas de  preços agressivas...   deixando até de repassar a inflação, aumentos de salários, custos distribuição,  investimentos etc...  e ainda para ajudar, o governo decide diminuir os impostos sobre a produção e distribuição do seu produto e estimular o mercado consumidor com créditos ilimitados para compra de cerveja... O consumo explode,  mas a empresa não está  preparada para atender essa demanda, porque não tem capacidade de produção e não tem fábricas no Brasil... A Solução  é colocar um pouco mais de água na cerveja, cerca 25%,  mas isso também não  resolve, porque a demanda é cada vez maior e o mercado de água também não estava preparado para o aumento inesperado, a solução é comprar cerveja industrializada mais cara do exterior para  abastecer o mercado nacional de consumidores  cada vez maior,  no entanto, contra as regras do mercado a empresa decide não repassar os custos de importação para o consumidor.  Imagine também que os acionistas dessa empresa de cerveja não ligam muito  para o lucro, para o negócio e para  o crescimentos dos custos, apenas para a distribuição de cerveja mais barata para a população...  

Quais as chances de uma empresa como essa, tem de sobreviver no mercado?

É mais ou menos isso que acontece na vida real, só que o dono  é o próprio governo e o acionista que paga a conta é você.

Enquanto os Estados Unidos caminham para sua independência energética, não apenas com a exploração do  Petróleo como também em novas  tecnologias investindo pesado  em outros tipos energias alternativas, o Brasil continua apostando apenas na exploração caríssima  de Petróleo em águas profundas, exportando petróleo cru de baixa competitividade e comprando combustível refinado mais caro no mercado internacional. Na contra-mão do mercado de energia que paga  um preço cada vez mais alto no Gás Natural , enquanto os EUA vem investindo  aperfeiçoamento da   exploração do gás de Xisto reduzindo em até 6 vezes o seu custo de Gás Natural e chegando a auto-suficiência que necessita para aumentar cada vez mais sua competitividade.

Em  julho,  o governo brasileiro decidiu aumentar a mistura de etanol na gasolina, de 20% para 25%, para diminuir a importação da Gasolina, mas o efeito será o contrário, com a crise no setor sucroalcooleiro o governo deverá comprar 1, 45 bilhão de litros de etanol, mas ainda vai ter que lidar com a queda da safra do milho nos EUA ( principal insumo do etanol norte-americano) , que vai fazer com que o custo do etanol dispare nos próximos dias. Para o mercado a solução seria a construção das refinarias, mas a Petrobrás adiou a construção de 4 novas refinarias devido a uma série de falhas de planejamento e custos excessivos. Parece que a atual situação é “Se ficar o bicho pega, se correr o bicho Come”.  O governo deveria manter o preço do petróleo compatível com os preços internacionais e deixar de sustentar uma política  artificial de preços internos, mais dia, menos dia,  alguém vai ter que pagar esta conta.

Nossa política  econômica e de  energia vem fazendo tudo errado e no limite da responsabilidade, criando  uma bolha cada vez maior  no setor de energético, estamos vendendo Petróleo  barato e comprando combustíveis mais caro, o desoneramento  do CIDE Combustíveis vem reduzindo a capacidade das cidades em financiarem seus projetos de infraestrutura de transportes,  a redução  do IPI dos carros, vem aumentando cada vez mais a pressão e os  impactos negativos do acúmulo de carros  nas cidades o que também aumentou  a inadimplência na classe C e de quebra a Indústria automotiva vem ameaçando com demissões em massa. Basta  saber se com essa política kamikaze o Brasil consegue segurar a inflação por mais 2 anos... Quando teremos a próxima eleição e  quando de fato o próximo presidente terá que lidar com o estrago.

Mas o governo fez alguma coisa de bom? Fez sim, sancionou uma lei de Mobilidade Urbana que no papel é muito bom, mas na prática não funciona, os Ministérios seguem distribuindo dinheiro para do PAC Mobilidade  para projetos sem o menor contra-partida de planejamento urbano e de Mobilidade das cidades.

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