LONDRES, REINO UNIDO - Uma cena difícil de ver: Bernardinho chorando.
Mas as lágrimas não vieram logo após a derrota para a Rússia na final
da decisão do vôlei na Olimpíada de Londres, hoje, quando o Brasil
desperdiçou dois match points no terceiro set e permitiu a virada do
adversário
.
Cumprindo o protocolo ao final da competição, o técnico da seleção
brasileira de vôlei concedeu entrevista coletiva e falou sobre seu
futuro no cargo, sobre o nó tático que o treinador russo conseguiu
armar, sobre os motivos da derrota e o aprendizado com a derrota.
Bernardinho estava calmo e mantinha um tom de serenidade em sua fala.
Até que uma pergunta o fez desmoronar
.
Lembrando que a decisão do ouro aconteceu, justamente, no Dia dos
Pais, um repórter brasileiro perguntou ao treinador como era para ele
ver o filho chorando no pódio. "Ainda bem que eu não vi", respondeu de
imediato. Depois disso, a voz falhou e ele não conseguiu segurar o
choro. Enquanto Bernardinho tentava recobrar a fala, o intérprete
traduzia aos estrangeiros o conteúdo da pergunta que abalou o técnico da
seleção brasileira
.
Com a voz embargada e muito emocionado, ele esboçou uma resposta.
"Para qualquer pai é a coisa mais difícil." Outra pausa, mais lágrimas.
"Eu sei o quanto tem sido difícil para ele [Bruno], para a gente. A
relação pai e filho dentro da quadra é complicada. Quando eu penso numa
decisão [sobre permanecer no cargo], eu penso muito nisso. Penso que ele
é um cara fundamental para 2016, e minha presença [na seleção] pode
atrapalhar ele", disse Bernardinho ainda enxugando as lágrimas no rosto.
"Sei o quanto ele queria esse resultado, o quanto ele queria provar que
eu não estava sendo um nepotista. Se for o caso, eu me faço à parte [da
seleção] para que ele faça a parte dele", completou.
Dessa vez, Bernardinho, técnico, não poupou elogios ao levantador.
"Acho que ele foi o melhor jogador da Olimpíada na posição. Não tenho
dúvidas. Ele fez o sistema funcionar. Com o apoio do Ricardo
[Ricardinho, levantador reserva em Londres], ele fez uma trabalho muito
importante." Por fim, Bernardinho, pai, ressaltou o quanto é difícil
estar ao lado do filho dentro da quadra. "Nem chorar junto a gente
chora. Essa relação distancia muito mais do que aproxima. Minha decisão
[sobre 2016] tem que considerar isso."
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