12 de agosto de 2012

Bernardinho chora ao falar do filho e pensa em deixar a seleção


LONDRES, REINO UNIDO - Uma cena difícil de ver: Bernardinho chorando. Mas as lágrimas não vieram logo após a derrota para a Rússia na final da decisão do vôlei na Olimpíada de Londres, hoje, quando o Brasil desperdiçou dois match points no terceiro set e permitiu a virada do adversário
.
Cumprindo o protocolo ao final da competição, o técnico da seleção brasileira de vôlei concedeu entrevista coletiva e falou sobre seu futuro no cargo, sobre o nó tático que o treinador russo conseguiu armar, sobre os motivos da derrota e o aprendizado com a derrota. Bernardinho estava calmo e mantinha um tom de serenidade em sua fala. Até que uma pergunta o fez desmoronar
.
Lembrando que a decisão do ouro aconteceu, justamente, no Dia dos Pais, um repórter brasileiro perguntou ao treinador como era para ele ver o filho chorando no pódio. "Ainda bem que eu não vi", respondeu de imediato. Depois disso, a voz falhou e ele não conseguiu segurar o choro. Enquanto Bernardinho tentava recobrar a fala, o intérprete traduzia aos estrangeiros o conteúdo da pergunta que abalou o técnico da seleção brasileira
.
Com a voz embargada e muito emocionado, ele esboçou uma resposta. "Para qualquer pai é a coisa mais difícil." Outra pausa, mais lágrimas.  "Eu sei o quanto tem sido difícil para ele [Bruno], para a gente. A relação pai e filho dentro da quadra é complicada. Quando eu penso numa decisão [sobre permanecer no cargo], eu penso muito nisso. Penso que ele é um cara fundamental para 2016, e minha presença [na seleção] pode atrapalhar ele", disse Bernardinho ainda enxugando as lágrimas no rosto. "Sei o quanto ele queria esse resultado, o quanto ele queria provar que eu não estava sendo um nepotista. Se for o caso, eu me faço à parte [da seleção] para que ele faça a parte dele", completou.

Dessa vez, Bernardinho, técnico, não poupou elogios ao levantador.  "Acho que ele foi o melhor jogador da Olimpíada na posição. Não tenho dúvidas. Ele fez o sistema funcionar. Com o apoio do Ricardo [Ricardinho, levantador reserva em Londres], ele fez uma trabalho muito importante."  Por fim, Bernardinho, pai, ressaltou o quanto é difícil estar ao lado do filho dentro da quadra. "Nem chorar junto a gente chora. Essa relação distancia muito mais do que aproxima. Minha decisão [sobre 2016] tem que considerar isso."

Nenhum comentário:

Postar um comentário