15 de agosto de 2012

Fase de defesas do mensalão termina com mais ataques a procurador-geral


O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foi alvo de críticas durante a fase de sustentação oral dos advogados dos réus do mensalão
A sustentação oral do advogado Antonio de Almeida, o Kakay, defensor dos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, encerrou a fase de defesas dos 38 réus do julgamento do mensalão. A exemplo de praticamente todos os advogados que o antecederam, Kakay fez críticas duras ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e à peça de denúncia apresentada por ele.
“Eu quero uma acusação precisa. Quero poder enfrentar uma acusação delimitada, sem adjetivar, sem vir com um certo floreio na acusação”, disse.
Em sua sustentação, Kakay gastou boa parte do tempo criticando o procurador, diferentemente do advogado Luciano Feldens, que também defendeu Duda e Zilmar. "É uma vontade de acusar desesperada", criticou. “"Esse processo pegou um viés político.”
O advogado criticou as declarações de Gurgel à “Folha de S. Paulo”, que qualificou de “ladainhas” as sustentações orais das defesas. "Vossa Excelência fala sentado, como se estivesse em casa, e o advogado que aqui está pode tropeçar nas palavras, mas nunca é uma ladainha o que o advogado diz", disse Kakay em defesa da categoria.Na sequência, Kakay ressaltou o poder que tem o procurador-geral da República. “Só Vossa Excelência pode trazer alguém a julgamento aqui. Olha que poder”, disse. Assim, afirma o advogado, “o primeiro direito do réu é ser bem acusado.”

O defensor afirmou que a sua “visão de profissional é que absolutamente não existiu mensalão” e que o escândalo foi criado por Roberto Jefferson (PTB) em resposta à tentativa do ex-ministro José Dirceu de acabar com uma rede de corrupção criada pelo PTB. “José Dirceu é "homem íntegro, um homem honesto, um homem duro. Ele não deixou o grupo de Jefferson continuar com a corrupção.”

Kakay citou depoimento do petebista à CPI dos Correios, no qual ele diz que Dirceu despertava nele “os instintos mais primitivos”. “Não sei se é um desejo incontido, ódio, vontade de matar”, questionou o advogado.
Sobre a acusação da Duda e Zilmar, Kakay afirma que a Procuradoria não individualizou a conduta de ambos. "A acusação, ao acusar, tratou os dois como sendo um só, como [a antiga dupla sertaneja] Leandro e Leonardo.”

Ele reafirmou que seus clientes não são mensaleiros e que não fizeram proselitismo político, tanto que realizaram trabalhos tanto para Lula, quanto para Paulo Maluf (PP-SP), na época adversários políticos. 
Segundo o advogado Antonio Ruiz Filho, que comenta o julgamento do mensalão nesta quarta-feira na redação, do UOL, a PGR teve um "erro estratégico". "Após a sustentação oral de todos os defensores, um ponto fica claro: o erro estratégico da acusação, qual seja, o de oferecer denúncia contra tantos acusados, formando um único processo, o que dificulta, e muito, o seu andamento e a atuação de todos os envolvidos no julgamento", disse.

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