As ameaças de ataques cibernéticos, que podem ser desferidos de
diferentes e distantes fronteiras, são um perigo real que já preocupa
grandes empresas, instituições militares, usuários e governos. No
Brasil, por exemplo, foi criado o Centro de Guerra Cibernética
(CDCIBER), sob o comando do Exército. Sua primeira grande missão ocorreu
no mês passado, durante o evento Rio+20, destacou o o especialista
Sandro Suffert, fundador da Apura CyberSecurity Intelligence, em
entrevista ao Terra. "O ciberespaço é hoje visto como um quinto domínio
onde batalhas podem ocorrer, além da terra, mar, ar e do espaço",
afirmou.
A partir do próximo ano, o Brasil será novamente cenário
para grandes acontecimentos, como a Copa das Confederações, a Copa do
Mundo (2014) e as Olimpíadas do Rio (2016). "Nestas ocasiões, agentes
interessados em chamar atenção podem se aproveitar para a divulgação da
sua mensagem ou ideologia", antevê Suffert. Um grupo extremista, mesmo
do outro lado do planeta, pode mirar no Brasil durante as Olimpíadas, em
hipótese, e atrair a cobertura da mídia para sua causa. Isso ocorreu
antes, em tempos analógicos, e pode ocorrer novamente, em sua versão
cibernética.
A cyberwar (na versão inglesa do termo) começou
discreta, desde 2006, em uma iniciativa do governo norte-americano de
George Bush. Ganhou ares de conflito ao ser aplicada em alguns embates
entre a Rússia e a Estônia (2007) e, depois, Rússia e Georgia (2008).
Tomou nova dimensão com a identificação do Stuxnet, um sistema
malicioso, inteligente, criado com a sofisticada missão de fazer água no
programa iraniano de enriquecimento de urânio, rememorou o
especialista. Suffert dedica-se à TI há 20 anos, sendo que há 15 fechou o
foco em segurança da informação, resposta a incidentes e computação
forense.
A ciberespionagem é tão ativa que faz parte da
preocupação de todas as grandes empresas, governamentais, privadas,
financeiras ou de outro setor. Essa disseminação de furtos eletrônicos,
ataques a ideias alheias e mesmo chantagem teve uma resposta das forças
de segurança. A Polícia Federal, contou Suffert, tem agentes preparados,
investigadores atentos a esse tipo de delito. "A limitação ocorre, às
vezes, na dificuldade que as forças da lei encontram em enquadrar alguns
crimes não previstos no código penal", contou. Suffert ofereceu mais
detalhes. "Em outros casos, como pornografia infantil, estelionato e
chantagem, a atuação é contínua e tem mostrado melhorias nos últimos
anos".
Privacidade
Os agentes da lei e da segurança na rede,
de uma forma geral, têm uma posição contrária à possibilidade de a
navegação na internet não ser rastreável. A proibição do rastreamento do
usuário é bandeira desfraldada por setores defensores da privacidade,e
os policiais argumentam que esse instrumento dificultará a identificação
de redes de pedofilia, traficantes de drogas e outros grupos de ameaça.
"A privacidade é fundamental mas é importante que haja a guarda de
informações que sejam capazes de identificar usuários", argumentou
Suffert. "Os rastros são dados preponderantes para que se seja possível
identificar a autoria de crimes sérios", afirmou.
Ao se tomar
conhecimento dessas informações, as trocas de arquivos, emails e
conexões se tornaram arriscadas. É possível se cercar de segurança, mas
algumas regras devem ser observadas. Suffert recomendou como leitura
obrigatória a cartilha disponível no site do Centro de Estudos, Resposta
e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil. Estão ali
informações básica, para aqueles que até então tinham uma relação,
digamos, promíscua na internet, e dados mais sofisticados, para quem
trabalha em uma grande empresa e não quer sair na foto como "aquele que
abriu a porta para o ladrão".
Ameaças virtuais, cyberwar,
cyberwarface, ciberespionagem e outros assuntos de uma área rica e em
evolução fazem parte dos temas que Sandro Suffert mantém em seu blog
sobre cibersegurança. E que também estarão na palestra que o
especialista vai dar na Campus Party Recife, que será realizada de 26 a
30 de julho. A apresentação de Suffert ocorrerá no sábado, 28, às 16h45,
no Cenário Pitágoras.
A Campus Party é um evento que reúne
interessados em tecnologia, inovação, entretenimento, curiosos e adeptos
da cultura digital. A primeira edição ocorreu em 1997, na Espanha.
Desde 2008, começou a ser replicada em outros pontos do globo, como São
Paulo, Berlim e Cidade do México. A apresentação de Sandro Suffert é
parte das 200 horas de conteúdo programados para cinco dias de evento.
Aqueles que não puderem se deslocar até a capital de Pernambuco, poderão
acompanhar as principais atividades, que terão transmissão em tempo
real..
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