No Nordeste, sobretudo no semiárido, com
a seca não existem somente pequenos produtores. Existem os médios e os
grandes perdedores. Estes sempre mais para perdedores do que para
ganhadores. Com a seca as dívidas são incobráveis. O BNB estabeleceu que
os grandes devedores devem pagar com juros de 8,7%. É insensatez.
Vivo no semiárido e estou seguro que o
governo ainda não sabe as consequências da seca. O mesmo continua
sentado distante do sofrimento que ocorre.
Eu lhe afirmo que no semiárido não vai
sobrar uma cabeça de bovino e também de ovino. Lavoura não existe mais. A
seca é fora de imaginação. Há anos o governo não realiza ações para
prevenir à seca. Não fez irrigação, não fez adutoras, não perfurou
poços. Assim, o governo fabricou a seca e agora tem que assumir ações
fortes. Os projetos de irrigação elaborados por governos anteriores
estão engavetados.
O governador Roberto Magalhães fez a Adutora do Sertão. Marco Maciel e Jarbas Vasconcelos fizeram a Adutora do Oeste.
Os projetos de irrigação do DNOCS e da
Codevasf elaborados nos governos anteriores estão paralisados há dez
anos como: Pontal, Canal do Sertão de Pernambuco, Cruz das Almas, Pontal
Sobradinho, Pontal Norte, Baixio de Irecê, Salitre, Terra Nova, Brejo
de Santa Maria, Garça, entre outros.
Aos produtores endividados atingidos
pela seca, médios ou grandes, como já foi dito, é cobrada uma taxa de
8,7% ao ano. É preciso que se saiba que a seca quando ocorre devora a
todos, o pequeno, o médio e o grande e este valor não condiz com as
condições climáticas normais da região, e imagine em um período de seca.
O próprio Dr. Santiago, ex-presidente do
Banco do Nordeste, em uma reunião da
SUDENE em Recife declarou que os
juros cobrados na região são impagáveis e os empréstimos atrasados são
incobráveis.
O BNDS financia aos gigantes tomadores
com menos juros que o BNB e mais faz participação acionária. O Banco do
Brasil tem linha de crédito no país com juros menores que o BNB. Até
quando esta inconsequente atitude?
As grandes obras de irrigação do Rio
Grande do Sul, na Era Vargas, e as poucas do semiárido foram feitas com
orçamento da União, empréstimos externos do BID, BIRD, e do fundo
japonês Nakazone.
Em todos os países do mundo as obras
hídricas usaram o orçamento da União. No Brasil, onde atuou o PPP? O
governo agora está anunciando que fará canais de irrigação com o PPP.
Ora, o governo federal já lançou editais
várias vezes para uso do PPP e as licitações foram vazias. Os
brasileiros da seca perguntam: até quando o governo vai nos ignorar? Até
quando, Senhor Deus?
Osvaldo Coelho foi Deputado Federal por oito legislaturas (DEM Pernambuco).
Blog do Banana
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