Uma
família que foge totalmente dos padrões tradicionais é uma das
curiosidades do município de Campo Grande, região Oeste do Rio Grande do
Norte. Essa é a história de um viúvo que se casou com uma jovem, com
quem teve 17 filhos, simultaneamente manteve um relacionamento com a
cunhada com quem também teve 15 filhos, e ainda se relacionou com a
sogra com quem teve mais um filho. Uma trajetória, no mínimo exótica,
porém, verdadeira e muito particular, podendo até mesmo se inédita no
Brasil.
A
família Oliveira Silva é formada por Luiz Costa de Oliveira, 90 anos,
(chefe da família), Maria Francisca da Silva, 64 anos (esposa), Ozelita
Francisca da Silva, 58 anos, (irmã de Maria Francisca – cunhada de Luiz)
e Francisca Maria da Silva, 89 anos, (mãe de Maria Francisca e Ozelita –
sogra de Luiz).Os detalhes de como essa família foi formada, foram
contados pelos próprios integrantes durante o contato com a equipe de
reportagem da Gazeta do Oeste. No começo da entrevista, após ser
informado sobre o que seria o tema da conversa, a primeira frase dita
por Luiz Costa foi: “A coisa que Deus fez mais bem feito no mundo foi
mulher”. Demonstrando muita descontração e sem qualquer sinal de
inibição, Luiz começou a contar a trajetória de vida que inclui um
casamento oficial com uma mulher que ele identificou apenas como
Francisca, com quem teve 17 filhos e ficou viúvo, e os relacionamentos
com as irmãs Silva e a sogra que renderam a ele mais 35 filhos, 100
netos e 30 bisnetos.
Após
ficar viúvo, Luiz conheceu Maria Francisca da Silva, que ajudou a criar
os filhos da primeira mulher e ainda teve mais 17. Segundo ele, durante
o tempo em que viveu com Maria, a irmã dela, Ozelita Francisca, sempre
vinha cuidar do resguardo da irmã, ocasião em que acabou mantendo também
um relacionamento amoroso com a cunhada que teve mais 15 filhos de
Luiz. E para completar essa família mais que diferente, a sogra de Luiz
também se relacionou com o genro e dessa relação nasceu mais um filho,
somando um total de 50 filhos que Luiz diz ter conhecimento. “Eu posso
até te outros filhos por aí e não saber, porque sempre gostei muito de
namorar”, ressaltou.
GALANTEADOR –
As irmãs Maria Francisca e Ozelita Francisca contam que sempre
conviveram bem com esta família diferente. Segundo elas, o segredo de
Luiz sempre foi o jeito galanteador com o qual ele sempre tratou as
mulheres. Segundo elas, ele sempre viveu do trabalho para casa e a única
diversão dele era namorar. “Ele nunca maltratou nenhuma de nós, sempre
cuidou bem dos filhos e nunca deixou faltar nada em casa”, relatou Maria
Francisca.
A
primeira mulher de Luiz que morreu e deixou 17 filhos, era natural de
Assu e cinco dos filhos foram criados por Maria Francisca. Hoje, muitos
filhos morreram, mas a família de Luiz já conta com mais de 100 netos e
30 bisnetos. “Eu não sei dizer o nome de todo mundo, mas sei que tenho
muitos filhos, netos e bisnetos espalhados por aí”, acrescentou Luiz.
Luiz
viveu a maior parte de sua vida e construiu seus relacionamentos
amorosos no Sítio Poço Verde, zona rural de Campo Grande. Hoje, a maior
parte da família reside em duas casas localizadas na Rua Artur Almeida,
55, conjunto IPE, Campo Grande. As casas, em especial, a de Luiz, expõem
a simplicidade extrema. Sem luxo, sem móveis e sem estrutura básica
como piso e paredes de concreto, porém, essa ausência parece não abalar a
alegria de viver expressada pelos membros da família Oliveira Silva.
Vizinho
à casa de Luiz, reside outra parte da família, todos moram juntos e
dividem espaço, alimento, dificuldades, tristezas e alegrias. Um dos
netos de Luiz, que é gêmeo, único caso de gêmeos que Luiz tem
conhecimento, Cosme, disse que a vida da família é difícil, mas todos
sobrevivem e se relacionam bem, apesar das dificuldades impostas pela
falta de condições financeiras. “Aqui trabalho é muito difícil e o que
fazemos para melhorar isso é estudar e trabalhar aqui e ali fazendo
bicos”, ressaltou Cosme.
SAÚDE
DE FERRO – Quanto ao segredo de tanta vitalidade e disposição para
gerar tantos filhos e aos 90 anos ainda expor uma lucidez e uma saúde
invejáveis, Luiz conta que não há segredo. De acordo com ele, a receita é
simples: há 40 anos não fuma, não bebe e sempre se alimentou de comidas
simples como feijão, arroz, batata, macaxeira e todos os alimentos que
formam o cardápio do homem do campo. Luiz acrescentou que não tem
doenças e não sente dores. “Não tenho dor em lugar algum do meu corpo,
apenas hoje não consigo mais namorar, mais ainda lembro como mulher é
bom”, comentou. Luiz é aposentado, mas diz que sente muita falta do
tempo em que trabalhava na lavoura. “Eu sempre trabalhei e sinto falta
de me movimentar, por isso, todo dia faço uma caminhada, não aguento
ficar parado muito tempo”, declarou. Uma receita simples, de um homem
simples, mas com uma história de vida pra lá de complexa.
MEMORIAL
VIVO – A história da família de Luiz chegou até o conhecimento da
equipe de reportagem do jornal Gazeta do Oeste a partir do projeto
Memorial Vivo, que tem a frente o professor Júnior Liberato, da cidade
de Campo Grande. O trabalho realizado pelo professor Júnior conta com a
colaboração de estudantes do ensino médio e tem como objetivo divulgar a
cultura da região e levantar fatos históricos e curiosidades. O projeto
dispõe ainda de um telão cultural, onde todo o material coletado é
repassado para a população através de um telão instalado em praça
pública.
FONTE: Gazeta de Oeste
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