Com a conclusão do julgamento do mensalão , os partidos da oposição se preparam para requerer ao Ministério Público a retomada da investigação do esquema de "compra" de deputados com dinheiro público, desta vez abrangendo as denúncias de envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo.O líder do PSDB, senador Álvaro Dias, lembra que eles adiaram a medida para não "tumultuar" os trabalhos do Supremo. "O tribunal fez a sua parte, deu um passo importante no combate à impunidade no País", afirma. "Mas todos sabem que o mensalão não é só o que foi julgado, é muito mais e precisamos alargar o processo para alcançar a totalidade dos responsáveis pelo esquema", afirmou.
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), destaca que, além das declarações atribuídas pela revista Veja ao principal operador do mensalão, Marcos Valério, agora é a defesa dele que menciona os "verdadeiros chefes políticos e interessados diretos no esquema", na ação para dar tratamento de réu primário ao cliente. Valério foi condenado até agora a 11 anos e 8 meses de prisão por três dos cinco crimes dos quais foi condenado.De acordo com reportagem da revista, Marcos Valério teria confidenciado a pessoas próximas que o então presidente Lula teria se envolvido pessoalmente na coleta de dinheiro para o esquema do mensalão. "Não é um tema qualquer, estamos tratando de algo fundamentado para a República que é a denúncia contra o ex-presidente", alegou Freire.
O líder tucano acrescenta que há não apenas "indícios", mas também testemunhos da participação do ex-presidente Lula. "É um fato que não pode ser ignorado, tem de ser esclarecido". avaliação do deputado Roberto Freire, Lula deve estar "amargurado" diante da punição de seus auxiliares. "Não sei se este sentimento existe nele, mas acredito que Lula está um pouco amargurado", disse. "Tudo mostra que o seu governo foi corrupto e como não se pode punir um governo com a cadeia, está punindo suas lideranças".
Signatário da nota na qual, em agosto, os partidos defendiam a investigação das denúncias contra Lula, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), acredita que a representação da oposição ao Ministério Público só deve ser concretizada após a definição das penas de todos os envolvidos. O senador disse que tomará a "posição certa na hora certa".
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