15 de outubro de 2012

FHC diz que críticas à imprensa e ao STF aproximam Brasil do Equador


15 de outubro – FHC na Assembleia geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (Foto: Flavio Moraes/G1)
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comparou nesta segunda-feira (15) as críticas à imprensa e ao Supremo Tribunal Federal feitas no Brasil ao que tem sido dito pelo presidente do Equador, Rafael Correa – definido por ele como um governante que “não respeita a liberdade de imprensa e de expressão”.
“Não quero entrar em detalhes do que se diz no Brasil muito frequentemente sobre a imprensa, mas não é muito diferente [do que diz Correa]. Não se diz com tanta brutalidade, mas o pensamento é o mesmo: ‘o que atrapalha o governo é a imprensa’”, afirmou o ex-presidente, ao participar de debate no quarto dia da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, que acontece em São PauloFHC participou de um painel junto com o ex-presidente do Peru, Alan García, sobre liberdade de expressão e direito à informação. Ele foi instado pelo mediador, o diretor da organização Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, a comentar citações do presidente do Equador, Rafael Correa; entre elas a de que “na América Latina, a única ditadura existente é a dos meios de comunicação”. 
“Agora, acrescentamos a isso um outro inimigo: o SupremoTribunal Federal“ completou FHC, sem citar o julgamento do mensalão, criticado por aliados do governo. O ex-presidente mencionou o julgamento que está ocorrendo no STF como exemplo de solidez das instituições brasileiras.
“Infelizmente, na America Latina, estamos vendo o ressurgimento de um pensamento que é contrário à democracia”, criticou o ex-presidente ao comentar sobre a região.Relatoria da OEA
O tucano também classificou de “criminosas” as iniciativas para tentar minar a relatoria sobre Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA). “Ou você é democrata e acredita na liberdade ou não é. Neste caso da relatoria, é criminoso impedir que exista. É o mesmo movimento de fechar a opinião pública, de não permitir que exista liberdade. É óbvio que tem que dar força pra que se dê poder de pressionar a opinião pública sobre o que está acontecendo nos países”, disse.
No ano passado, o Brasil convocou de volta o embaixador brasileiro na OEA e suspendeu o pagamento da cota de 2012 à entidade, em retaliação a uma medida cautelar exigindo a suspensão imediata do processo de licenciamento e construção do complexo hidrelétrico de Belo Monte, para esclarecer sobre os possíveis impactos em comunidades indígenas na região.

Para FHC, a tentativa de diminuir a capacidade de fiscalização de organismos internacionais é “vontade autoritária disfarçada”. “O governo tem que se comportar entendendo que em certas áreas que dizem respeito a direitos universais não podem ser fechadas. (...) O Estado tem um conjunto de obrigações, tem de respeitar direitos aceitos universalmente. (...) Você assinou uma série de convênios e qualquer tentativa de diminuir capacidade de fiscalização é vontade autoritária disfarçada”, disse o ex-presidente.
'Democracias imperfeitas'
O ex-presidente peruano Alan García criticou o discurso que chamou de “agressivamente grotesco” de governantes latinos e disse que estamos assistindo à criação de “democracias imperfeitas que tendem a criar um estado protecionista”.
“Isso faz com que o processo de reeleição se transforme em estratégia comunicacional do Estado. Nós temos que responder a essa estratégia que está se construindo defendendo os valores básicos da comunicação", declarou..  

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