“Assim, [...] relevantes seriam as condutas dos interessados no suporte político 'comprado' (Presidente LULA, seus Ministros e seu partido) e dos beneficiários financeiros (Partidos Políticos da base aliada), sendo o PT, Partido dos Trabalhadores, o verdadeiro intermediário do ‘mensalão’”, escreveu o defensor.
O G1 procurou a assessoria do ex-presidente Lula, mas até a publicação desta reportagem ainda não havia conseguido contato.
Para Marcelo Leonardo, o cliente dele seria apenas o “operador do intermediário”, em uma referência direta ao ex-tesoureiro do PTDelúbio Soares, que, segundo o Ministério Público, é quem orientava Valério sobre quem seria beneficiado com os pagamentos de recursos do chamado “valerioduto” (esquema operado por Marcos Valério para pagar propina a parlamentares em troca de apoio político ao governo Lula).
“Quem não era presidente, ministro, dirigente político, parlamentar, detentor de mandato ou liderança com poder político, foi transformado em peça principal do enredo político e jornalístico, cunhando-se na mídia a expressão ‘valerioduto’, martelada diuturnamente, como forma de condenar, por antecipação, o mesmo, em franco desrespeito ao princípio constitucional fundamental da dignidade da pessoa humana", ressaltou Marcelo Leonardo no texto entregue aos ministros.Marcos Valério foi considerado culpado pela mais alta corte do país pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato, evasão de divisas e formação de quadrilha. A pena que ele terá de cumprir será definida pelos magistrados a partir desta terça (23), na chamada dosimetria.
Na avaliação do advogado, a corte foi dura com Valério ao condená-lo por quatro dos cincos crimes dos quais ele havia sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Na tentativa de atenuar a punição do operador do mensalão, Marcelo Leonardo destacou no memorial que os magistrados considerem, na hora da definição das penas dos réus condenados, o fato de o cliente dele ter “colaborado” com as investigações que descortinaram o esquema de compra de votos.
De acordo com o criminalista, o empresário mineiro forneceu a lista e os documentos que permitiram ao Ministério Público oferecer denúncia contra 40 pessoas.
“[Valério] Forneceu a lista de todas as pessoas que receberam recursos financeiros, indicadas pelo PT, por intermédio de Delúbio Soares, sendo que entre os quarenta denunciados, não há um só beneficiário que não estivesse naquela lista”, destacou Marcelo Leonardo na peça judicial.
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