10 de dezembro de 2012

Caso Jennifer: Atrasos e discussões no primeiro de julgamento


Atrasos e discussões marcaram o primeiro dia do julgamento dos acusados de matar a alemã Jennifer Kloker. O júri, que deveria ter começado às 8h da manhã desta segunda-feira (10), no Fórum de São Lourenço da Mata, no Grande Recife, só foi iniciado às 10h, duas horas após o previsto. 

Após apresentar os cinco réus presentes (Delma Freire de Medeiros, Pablo Richardson Tonelli, Ferdinando Tonelli, Alexsandro Neves dos Santos e Dinarte Dantas de Medeiros), a juíza Marinês Marques Viana informou que o acusado Alexsandro não seria julgado, pois o seu advogado de defesa Josias Domingos de Lemos não estava presente. Ele teria passado mal e foi internado no Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape).
Relembre o caso;
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A juíza Marinês determinou um novo julgamento para Alexsandro, previsto para o dia 27 de fevereiro de 2013. O advogado do acusado terá cinco dias para apresentar o laudo que comprove o seu estado de saúde. Caso não apresente o documento, Alexsandro terá dez dias para apresentar um novo advogado, antes que seja encaminhado para a Defensoria Pública. 

Após o anúncio de uma nova data para o julgamento de Alexsandro, por volta das 10h30, teve início o sorteio para escolha dos sete jurados entre os 24 presentes (um dos convocados - do total de 25 - foi dispensado por motivos médicos). 

Neste momento, uma confusão foi protagonizada pelo defensor de Delma Freire, José Carlos Penha, atrasando o julgamento por mais 1h30. O tumulto teve início depois das recusas dos jurados sorteados. Até o momento, oito sorteios tinham sido realizados e apenas dois jurados tinham sido aceitos pela defesa. Penha afirmou que, como já tinha utilizado seu limite máximo de recusas, sua cliente poderia ser prejudicada já que não poderia mais recusar nenhum jurado, por isso também queria o adiamento da audiência para o dia 27 de fevereiro.


O defensor de Delma está confiante que a justiça irá libertar sua cliente por falta de provas contundentes contra ela



André e Márcio Botelho, responsáveis pela defesa de Pablo e Ferdinando Tonelli, afirmaram que existe uma prova que irá comprovar a inocência dos dois
A manobra da defesa não surtiu resultado - serviu apenas para aumentar o atraso da sessão. Em seu pronunciamento, a juíza Marinês deixou claro que o principal objetivo dos advogados era desmembrar o julgamento para aumentar o tempo de defesa dos réus. Inicialmente, os promotores de acusação teriam 2h30 para apresentar sua tese. A defesa teria que dividir o mesmo tempo (2h30) entre os quatro réus presentes. Todos os advogados entraram com pedido para aumentar o tempo e, se a solicitação fosse atendida, desistiriam do protesto para desmembramento.

Durante o tumulto, Delma aproveitou o tempo para conversar, aos cochichos, com outros réus: o marido Ferdinando Tonelli e o filho Pablo Tonelli

Os promotores André Rabelo e Ana Cláudia Walmsley concordaram com o pedido dos advogados e a juíza decidiu então conceder 1h30 para cada réu presente, totalizando 6 horas, assim como 1h30 a mais para a promotoria, que passou a ter 4 horas para a sua apresentação. Após a resolução do impasse, a juíza Marinês abriu intervalo para o almoço.
TARDE - O julgamento dos acusados de matar a alemã Jennifer Kloker foi reaberto com mais confusão. A sessão teve início com o testemunho da delegada Gleide Ângelo - responsável pelas investigações juntamente com o delegado Alfredo Jorge e também testemunha do caso.


"Eles tentaram matar Jennifer quatro vezes. Tiveram oportunidade de desistir, mas não fizeram", acusou a responsável pelo inquérito policial, delegada Gleide Ângelo
Em seu depoimento, a delegada Gleide Ângelo afirmou que tem certeza que os réus são culpados e que o crime foi planejado na Itália. Ela disse ainda que casamento de Delma Freire e Ferdinando Tonelli era por interesse e que os dois não moravam juntos.
Durante o testemunho da delegada, o advogado de Delma, José Carlos Penha, a questionou. Porém, antes que a delegada respondesse às perguntas, o advogado a interrompeu por diversas vezes, provocando a interferência da juíza Marinês Marques Viana e do promotor André Rabelo. "O senhor está fugindo da lei, e eu sou o fiscal da lei", disse o promotor para a defesa de Delma. Penha retrucou: "No momento que lhe convém".

"O senhor está fugindo da lei, e eu sou o fiscal da lei", disse o promotor André Rabelo para a defesa de Delma durante depoimento de Gleide Ângelo
O clima seguiu tenso durante o depoimento do delegado Alfredo Jorge, que norteou a sua fala nos dados técnicos das provas.  O delegado afirmou ter certeza da culpa dos réus e que os dados fornecidos pelo GPS do Gol alugado pela família não deixam dúvidas de que Delma Freire, Ferdinando e Pablo Tonelli planejaram o crime contra a jovem.


Segundo o delegado, Ferdinando assumiu que fez um seguro de vida em nome de Jennifer e que o próprio seria o beneficiado, em caso de morte da alemã
Segundo o delegado, o percurso apresentado pelos acusados durante depoimento na delegacia é completamente diferente do registrado pelo GPS. "O aparelho eletrônico apresentou apenas dois pontos de parada, sendo uma deles no bairro do Curado IV, certamente para buscar o autor dos disparos contra a alemã, Alexsandro Neves, e o outro no local onde foi encontrado o corpo de Jennifer. Porém, os três acusados afirmaram que, após sair do Terminal de Passageiros (TIP), fizeram três paradas. No primeiro depoimento, eles também não falaram que passaram pelo Curado IV. Após o anúncio dos dados, eles mudaram suas versões, mas com informações desencontradas", contou o delegado.

O delegado acrescentou que o Gol alugado pela família possui um dispositivo que precisa ser acionado para o carro continuar em movimento. "Após ligar o carro, o motorista precisa acionar um botão nos primeiros 50 metros de deslocamento, caso contrário o carro para. Apenas os donos da empresa e quem aluga o carro sabe desta informação. Um bandido que aborda uma família durante um assalto dificilmente saberia", disse.

Após os depoimentos das testemunhas, a juíza Marinês Viana encerrou a sessão desta segunda. O júri será retomado às 9h desta terça (11).  

DELMA - Durante o depoimento do delegado Alfredo Jorge, a acusada Delma Freire afirmou estar passando mal e pediu para que a sua pressão arterial fosse aferida. A ré saiu da sala para ser atendida por um enfermeiro. Depois de alguns minutos, ela retornou ao júri aparentando estar bem e a sessão foi retomada. 

CRIME - O corpo da alemã Jennifer Marion Nadja Kloker foi encontrado com três perfurações de bala às margens da BR-408, no limite entre o Recife e o município de São Lourenço da Mata. O marido de Jennifer, Pablo Tonelli, e o sogro dela, Ferdinando Tonelli, inicialmente contaram à polícia que a família havia sido vítima de assalto, versão que foi desmentida pelas investigações.

Segundo a polícia, Jennifer, na época com 23 anos de idade, teria sido assassinada porque sua sogra Delma, considerada a mentora do crime, Ferdinando e Pablo tinham interesse no seguro de vida no valor de 500 mil euros (cerca de R$ 1,2 milhão) no nome da jovem. Alexsandro teria sido contratado por R$ 5 mil para matar a alemã. O quinto envolvido no homicídio, Dinarte, que é irmão de Delma, é acusado de comprar a arma e apresentar Alexsandro à família.

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